Facebook falha em diálogo com líderes de boicote
Mark Zuckerberg e Sheryl Sandberg, os dois principais executivos do Facebook, fizeram uma videoconferência de uma hora na tarde desta terça-feira com grupos e organizações de direitos civis. A reunião tinha uma missão: fazer com que as entidades, que convenceram marcas como Unilever e Coca-Cola a retirar seus anúncios da rede social, entendessem como a empresa trata o discurso de ódio em suas plataformas. Mas, ao longo da chamada, Zuckerberg e Sandberg falharam em convencer seus críticos, fazendo o boicote à companhia seguir em um impasse.
Durante a reunião, Zuckerberg, Sandberg e outros executivos do Facebook discutiram como a empresa trata com suas políticas de conteúdo. Em uma chamada de Zoom, eles falaram com representantes da Liga Anti-Difamação, da Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor e da Color of Change – os três grupos levaram centenas de empresas a pausar suas campanhas publicitárias na rede social nas últimas semanas. É uma forma de protesto contra a maneira como a empresa está cuidando mal, na visão dos anunciantes, de discurso de ódio e desinformação.
Os grupos disseram que fizeram pedidos aos líderes do Facebook. Entre eles, a contratação de um executivo de liderança com histórico na área de direitos civis, bem como a necessidade de passar por auditorias regulares independentes e atualizar seus Padrões de Comunidade, declarou o grupo de direitos civis Free Press, cuja presidente executiva, Jessica J. González, estava na chamada. Mas Zuckerberg e Sandberg não concordaram com todas essas demandas, disseram os representantes. No lugar disso, os executivos do Facebook tentaram “girar a narrativa e usar sua poderosa máquina de relações públicas.”
“Em vez de se comprometer com uma linha do tempo para desenraizar o ódio e a desinformação no Facebook, os líderes da empresa mantiveram seus velhos pontos de vista, sem atender nossas demandas”, disse González. “Eles entraram na chamada esperando tirar nota 10 só por presença”, disse Rashad Robinson, chefe da Color of Change, após o encontro. “Mas só estar presente não é suficiente.” O Facebook não estava imediatamente disponível para responder a pedidos de comentários da reportagem.
Impasse deve continuar
Nas últimas semanas, o Facebook tem enfrentado pressão crescente para lidar com o discurso de ódio e a desinformação em seu site e outras plataformas. Rivais como Twitter e Snapchat, recentemente, tomaram atitudes contra publicações falsas ou inflamadas do presidente americano Donald Trump em suas plataformas. Já o Facebook resistiu em fazer algo, citando a importância da liberdade de expressão. No mês passado, empregados da rede social chegaram a fazer uma greve “virtual” no último mês, criticando a falta de ação de seus líderes. Desde então, mais de 700 anunciantes se juntaram ao esforço para boicotar o Facebook.
Desde o crescimento do boicote, iniciado há duas semanas, os executivos do Facebook tem falado cada vez mais em conciliação – mas está difícil. Na quarta-feira, a empresa pretende lançar a parte final de uma auditoria anual de suas práticas e políticas de direitos civis. Os auditores examinaram como o Facebook cuida de temas como discurso de ódio, interferência em eleições e viés de algoritmos.