Demissão de servidor vira polêmica com vereadores e cria saia-justa para Daniel
A exoneração de um servidor comissionado da Secretaria Municipal de Obras Públicas gerou polêmica nesta quarta-feira (18) e constrangeu o grupo político do prefeito Daniel Alonso (sem partido), após circular a informação de que vereadores teriam pedido a demissão do funcionário para o alto comando da administração municipal. A exoneração de Guilherme Fernandes dos Reis, mais conhecido como ‘Burcão’, foi publicada na última edição do Diário Oficial do Município de Marília.
A portaria assinada pelo prefeito apenas comunica a exoneração de Burcão do cargo de assessor do gabinete do secretário municipal de Obras Públicas, sem maiores explicações.
“Fui comunicado ontem (17) e falaram da pressão dos vereadores. Eu vinha sofrendo algumas ameaças, com vereadores dizendo que iriam me derrubar, mas eu não entendia. Eu só estava atendendo aos pedidos da população de Marília. Trabalhei um ano e sete meses, atendendo vários bairros, mas foi uma surpresa para mim. Não achei que fosse chegar nesse ponto”, disse Burcão.
Segundo versão do ex-funcionário municipal, alguns parlamentares supostamente teriam afirmado que ele estaria usando a máquina pública para se promover politicamente, com intuito de se candidatar a vereador na eleição de 2024.
Burcão, que tem base de trabalho político principalmente na zona norte de Marília, obteve 1.310 votos na última eleição, ficando sem a cadeira na Câmara Municipal. No entanto, ele é considerado um forte candidato para o próximo pleito e visto como ameaça para os atuais vereadores.
“Eu estava trabalhando para a população. Devolvendo para a população o que os marilienses pagam de imposto. Uma das coisas que estão alegando foi sobre a festa das crianças, mas isso eu faço há mais de dez anos. Os vereadores disseram que se não me mandassem embora, iriam se virar contra o prefeito”, diz Burcão, que foi indicado ao cargo por Alysson Alex, assessor especial e homem de confiança de Daniel.
O ex-servidor citou nominalmente os vereadores Rogerinho (PP), Marcos Rezende (PSD), Luiz Eduardo Nardi (Podemos) e Professora Daniela (PL), como alguns dos que teriam pedido sua demissão.
O Marília Notícia entrou em contato com os vereadores citados e pediu um posicionamento sobre o assunto.
O vereador Rogerinho, vice-presidente da Câmara dos Vereadores, afirmou que ele e os demais colegas desconhecem a informação, “pois o cargo dele só depende do prefeito”. Disse ainda que já procurou seu advogado para que sejam tomadas as medidas necessárias em relação as falas de Burcão.
Marcos Rezende também disse desconhecer o assunto. Ele afirmou não conhecer o servidor exonerado, qual trabalho ele realizava e que por esse motivo, seria “extremamente complicado fazer qualquer comentário”.
“Se alguém citou meu nome, citou de forma equivocada. Não sei de nada. Não sei quem ele é, e acho também que essa pergunta deveria ser feita para quem fez a contratação dele. Se quem contratou ele acha justo ou não a demissão”, afirma Rezende.
A vereadora Professora Daniela preferiu não comentar o assunto e ironizou a polêmica.
“Eu não tenho nada para falar. Quem manda embora e quem nomeia é o prefeito. Nem sei quem é Burcão na ordem do dia. Estou trabalhando e não tenho tempo para ficar pensando em Burcão. Burcão, né? Não tenho tempo”, disse a vereadora.
Já o vereador Luiz Eduardo Nardi afirmou não conhecer pessoalmente o servidor exonerado. Informou também que nunca teve contato pessoal, mas soube que ele teve uma boa votação na última eleição.
“Não sabia de nada sobre ele até outro dia. O que aconteceu na Câmara é que começaram a aparecer postagens dele em obras, junto com o Alysson. Fiz uma brincadeira, chamando de engenheiro Burcão, mas por certa reserva ao secretário de Obras, que eu acho fraco e incompetente. Brinquei e disse que o engenheiro Burcão era o secretário de Obras, sem nenhuma conotação. Estou na minha quinta legislatura e nunca pedi cabeça de ninguém”, conta Nardi.
O Marília Notícia pediu um posicionamento para a Prefeitura de Marília sobre a exoneração, mas até o fechamento desta edição, não havia recebido um retorno. O espaço segue aberto para manifestação.