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Marília
sex. 04 set. 2020

‘Eu achava que era frescura’, relata sobrevivente de suicídio

por Carlos Rodrigues

Ieda é casada, tem duas filhas e trabalha como auxiliar de escrita, mas durante anos teve o convívio social e familiar prejudicado pela depressão (Foto: Arquivo Pessoal)

Aos 52 anos, a auxiliar de escrita Ieda Lopes Araújo aprendeu a conviver com a doença que quase a matou por pelo menos seis vezes. Ela afirma que a ajuda profissional qualificada, medicação adequada, fé em Deus e o afeto de pessoas próximas foram fundamentais para que ela vencesse o fantasma do suicídio.

Criado para provocar uma discussão sobre o tema, o “Setembro Amarelo” é marcado por eventos de prevenção. Em Marília, serviços públicos de saúde, voluntários da causa e parte da população se envolve em campanhas.

O objetivo é que outras histórias possam ter um final feliz, como o da Ieda. “Voltei a trabalhar depois de oito anos e meio. Tenho minhas dificuldades, mas hoje eu quero viver. Já perdi muito. Não vi a adolescência das minhas filhas; ficava ‘largada’ em cima de uma cama. Isso acabou”, decreta a auxiliar de escrita.

Ieda conta que passou por cerca de 80 internações, durante os anos em que sofreu de um transtorno identificado como Borderline – sem receber o tratamento adequado.

Até o primeiro episódio em que tentou contra a própria vida, provocando cortes graves pelo corpo, não se compreendia e muito menos as outras pessoas. “Eu achava que era frescura, que a pessoa que fazia isso estava querendo chamar a atenção, até acontecer comigo”, conta.

As mutilações foram frequentes. Entre as tentativas de suicídio, a mais grave, foi quando ela fez um corte no pescoço.

“Sangrei várias horas e pensava ‘meu Deus, porque eu não consigo morrer’. Minha filha me encontrou no quarto e me socorreu. O médico disse depois que havia faltado milímetros para ser fatal. Na verdade, depois entendi que eu não queria morrer. Eu queria matar a minha dor”, define a mariliense.

Ieda relata que durante uma de suas intenções, passou a valorizar mais o convívio com outros pacientes. Aderiu a terapia de forma diferente. Até então, ela não se sentia participante do seu próprio tratamento. Isso gerava desestímulo. Os resultados acabavam deixando a desejar.

“Nunca fui muito de falar sobre o que estava sentindo, o que estava acontecendo comigo. Comecei a falar mais, conversar e buscar ajuda das pessoas. Descobri que é preciso falar. Hoje eu converso com minha irmã, com meu marido, com as minhas filhas, com algumas amigas. Eu não fico guardando e acumulando sofrimento”, ensina a auxiliar de escrita.

A medicação, segundo Ieda, é fundamental. Ela tem consciência de que precisará cuidar da saúde mental atentamente, durante toda a vida.

“A mensagem que eu deixo para as pessoas é que viver vale muito a pena. É importante não guardar para si, parar de se acusar, de se menosprezar. O problema não é mundo. Temos que aprender a lidar com tudo que não podemos mudar”, afirma.

O trabalho consolidou a nova fase. “Comecei a ficar indignada comigo mesma. Cadê a pessoa alegre que fui um dia, a menina que brincava na rua de casa? Cadê a mulher que sonhava? Me senti preparada e a empresa abriu as portas, me acolheu. Estou numa fase excelente da minha vida, para recuperar o tempo perdido”, garante a auxiliar de escrita.

Epidemia silenciosa

Entre 2016 e agosto desse ano – menos de cinco anos – Marília perdeu 78 pessoas para o suicídio. Neste período, o ano de 2019 teve maior número de casos: 23 no total. Nestes oito meses de 2020, foram onze registros.

As estatísticas, porém, são incapazes de dar a real dimensão do problema, já que uma série de casos de lesões autoprovocadas não são comunicadas às autoridades. O tema ainda é tabu entre muitas famílias e a falta de informação ajuda a gerar a subnotificação.

Valorização da vida

No dia 10 deste mês, o posto do Centro de Valorização da Vida (CVV – 188) completa um ano em Marília. O serviço divulgou, a pedido do MN, o balanço de atendimentos no período.

Voluntário faz atendimento no posto do CVV de Marília; serviço é feito em rede e ligações são distribuídas aleatoriamente por todo o país (Foto: Divulgação/CVV Marília)

Os voluntários locais atenderam 16.577 chamadas, que totalizaram 2.450 horas ao telefone com pessoas que tinham necessidade de serem ouvidas, com respeito e sem julgamentos.

A coordenadora da unidade, Maria José Gonçalves de Oliveira, relata que já atendeu alguns casos de pessoas com “ideações suicidas”. Um deles foi mais marcante.

“A pessoa aceitou pedir ajuda e acionar familiares. Durante o processo que chamamos de escuta empática, ela mesma encontrou o caminho”, relata Maria José.

O contato pode ser feito pelo telefone 188 ou pelos outros canais disponíveis no site, que pode ser acessado [aqui].

Novos voluntários

O posto Marília tem atualmente 40 voluntários. Já chegou a ter 60. “O ideal é aumentar esse número, o que deve acontecer em breve, após nova seleção”, acredita a coordenadora.

Para atuar na organização, é preciso passar pelo Programa de Seleção de Voluntários (PSV), um curso de 30 horas. O próximo deve acontecer ainda esse ano. Para se inscrever, é preciso fazer a solicitação pelo e-mail [email protected].

Serviços Públicos sobre a valorização da vida

Caps Com-Viver – 3451-4028

Caps-i (Infantil) Catavento – 3451-1660

Caps AD (Álcool e outras drogas) – 3433-8606

Unidades Básicas de Saúde (Saúde da Família e UBSs)

Emergência: SAMU 192, UPA Norte, PA Sul, Pronto Socorro e Hospitais

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