Entidade de Marília denuncia médico que negou chamada de vídeo com intérprete de Libras
A Polícia Civil de Marília registrou denúncia do presidente da Associação dos Surdos de Marília, Jhonny Gomes Kucko, contra a conduta de um médico da rede municipal de Saúde. O profissional, segundo o relato, teria rejeitado um intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras), por chamada de vídeo, ao paciente.
Jhonny, que tem 34 anos e trabalha como auxiliar de produção em uma indústria de alimentos de Marília, buscou atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) Chico Mendes, na zona oeste da cidade. Conforme a queixa, o caso aconteceu na quinta-feira (5), data em que deveria ser celebrado o Dia Nacional da Acessibilidade.
O presidente da associação utiliza Libras como sua principal forma de comunicação e não domina a escrita em português. Ele passou por triagem com uma profissional de enfermagem, em seguida foi conduzido ao consultório médico.
Jhonny informou ao médico sobre sua condição de Pessoa com Deficiência (PCD) e acionou pelo celular um amigo, para atuar como intérprete. Mas o profissional de saúde disse ao amigo bilíngue que não havia como se comunicar com o paciente, se o intérprete não estivesse presencialmente na UBS.
ATENDIMENTO FEITO
Diante da situação, o presidente da associação acabou dialogando com o médico por escrito, usando o celular, o que lhe impôs grande dificuldade. Ao Marília Notícia, por meio de intérprete online, Jhonny afirmou ter se sentido constrangido e não ter sido atendido de forma plena.
“O médico chegou a prescrever duas mediações, mas não me ‘ouviu’ adequadamente, da forma como eu gostaria. Fiz o registro do boletim porque me senti ferido no meu direito de me comunicar na minha língua, que é Libras”, relatou ao MN.
RUÍDO
Ao site, fontes ligadas ao estudo e aplicação de Libras relatam que muitos profissionais – inclusive sem intenção de ferir direitos – erram ao acreditar que todo surdo é alfabetizado em português.
Por isso, erros de interpretação em prescrições médicas ainda continuam acontecendo, o que pode, inclusive, colocar em risco a segurança e a vida de pacientes surdos, com condições de saúde mais graves.
Uma maneira de evitar esse tipo de dificuldade é acolher da pessoa surda a forma como ela deseja se comunicar e utilizar o recurso indicado pelo próprio paciente, incluindo o intérprete de Libras (profissional ou familiar) por vídeo chamada.
OUTRO LADO
A Prefeitura de Marília foi acionada sobre o caso, mas até a publicação desta reportagem ainda não havia se manifestado. Caso haja retorno do Poder Público, o texto será atualizado.