Entenda as demissões em massa nas big techs
Por Raphael Zanon
Após o crescimento nas contratações no setor de tecnologia durante a pandemia da Covid-19, o ano de 2023 iniciou confirmando uma tendência de demissões que foi apresentada no final de 2022: uma série de grandes cortes de funcionários nas big techs, empresas gigantes do setor de tecnologia.
A Meta, empresa responsável e dona do Facebook, anunciou em novembro de 2022 a demissão de 11 mil funcionários, cerca de 13% do seu quadro. Além disso, a companhia decidiu fazer cortes de gastos e congelar as contratações durante o primeiro trimestre de 2023.
Neste mês de janeiro, a Amazon abriu a lista com o anúncio de demissão de mais de 18 mil funcionários em 2023. No caso do Google, serão 12 mil funcionários a menos, espalhados por todos os escritórios da empresa no mundo – inclusive no Brasil. A Microsoft é outra que terá 10 mil trabalhadores a menos até o mês de março, o que equivale a 5% da força total de trabalho. No último dia 23, o Spotify anunciou a demissão de cerca de 600 funcionários, o que representa 6% do seu quadro total e foi o maior corte realizado pela sueca fundada em 2006.
No Brasil, o setor de startups foi afetado com uma drástica redução nos investimentos desde o ano passado, e a necessidade de equilibrar as contas tem promovido cortes.
Em um levantamento realizado pela Layoff.fyi, uma plataforma desenvolvida para acompanhar as demissões que ocorrem no setor de tecnologia, apontou que 200 empresas de todo o mundo realizaram mais de 59 mil demissões nos primeiros 25 dias de 2023. Layoff não apenas é o nome da plataforma, como também é o jargão corporativo para o movimento de demissões em massa na área de tecnologia.
Um dos motivos da redução foi o crescimento acelerado de investimento em tecnologia nos primeiros meses de isolamento social da Covid-19, que impulsionou as contratações de profissionais do setor em todo o mundo – com maior volume nas empresas dos EUA.
Em conjunto, o cenário macroeconômico contribui – negativamente – com a maior percepção de risco nos investimentos em tecnologia. Soma-se a isso a incerteza de quanto a guerra na Ucrânia há de durar, além da escalada da inflação global após a pandemia.
Apesar de não ter previsão do fim das demissões em massa, em grande parte, são os funcionários não-técnicos quem estão sofrendo com os cortes. Já os profissionais de tecnologia têm sido poupados. Segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Janco Associates nos Estados Unidos, existe uma possibilidade de aumento de salários de 8%.
Por outro lado, isso não garante tranquilidade para os profissionais técnicos. A procura por talentos em TI continuará com demanda em alta, especialmente os que apresentam ética de trabalho e são orientados a resultado. Por outro lado, o movimento do mercado deixa claro a necessidade de que esses profissionais, por ora poupados na demissão em massa, continuem buscando conhecimento e se desenvolvendo para construírem uma carreira de sucesso.
Raphael Zanon é CEO na Alive Soluções e vice-diretor de Tecnologia e Inovação na Acim