‘Nunes vendeu alma’, Lula ‘não errou’; veja frases de Boulos em sabatina
Pré-candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) participou nesta sexta-feira (12) da sabatina Folha/UOL.
Ele respondeu a perguntas de Fabíola Cidral e Raquel Landim, do UOL, e Carolina Linhares, repórter da Folha de S.Paulo.
O deputado federal negou que o presidente Lula tenha errado com propaganda antecipada, disse que é importante que o eleitor saiba quem são os padrinhos políticos nas eleições municipais e afirmou que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) vendeu a alma para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Veja as principais frases de Boulos durante a sabatina
“É inevitável, ainda mais num país polarizado e com tudo o que a gente viveu nos últimos anos, a gente saber quem apoia quem. Pode parecer que é polarização ideológica, mas não é isso, não, é também sobre a cidade. Imagine se o [ex-prefeito] Bruno Covas fosse aliado do Bolsonaro. Como teria sido o tratamento da pandemia na cidade de São Paulo? Como teria sido a vacinação? Quem era vice dele e que assumiu a cadeira agora, meu adversário nessa eleição, resolveu fechar uma aliança e vender a alma para o Bolsonaro. Isso tem um preço” – pré-candidato à Prefeitura de São Paulo sobre polarização nas eleições municipais
“Acho impressionante querer inverter onde está o uso da máquina pública e campanha antecipada. O prefeito está desde o ano passado usando inaugurações, faz um palanque, chama a imprensa, fala mal de mim, se promove com dinheiro público e isso é tratado como algo natural. Não acho que o presidente errou, acho que expressou a posição dele no 1º de maio, no ato das centrais sindicais, que não era ato oficial de governo, num feriado, fora da agenda oficial” – sobre condenação de Lula por propaganda antecipada
“Antes eu via uma situação de injustiça e às vezes reagia com raiva. O que aprendi ao longo do tempo é que às vezes essa não é a melhor maneira, vai ficar dando murro em ponta de faca e não é a forma mais eficiente. Às vezes tem que engolir, respirar. Amadurecer não é a mesma coisa que amolecer, se não vira um político igual aqueles que só pensam em reeleição, em poder” – sobre amadurecimento na política
“Acredito que, independente de quem faça, rachadinha é crime. Se for o Flávio Bolsonaro, é crime. Se for o Janones, é crime. O que não posso é usar dois pesos e duas medidas. Temos jurisprudência no Conselho de Ética da Câmara, do qual sou membro. A jurisprudência diz que o ocorre antes da atual legislatura, do atual mandato como parlamentar, não pode ser julgado. O que pode ser julgado é o que ocorre neste mandato” – sobre arquivamento de representação contra o dep. André Janones em caso de “rachadinha”
“Às turras [com Tarcísio] acho que é uma palavra excessiva. Eu nunca tive nenhum embate de briga pessoal, nenhum problema pessoal. Temos problema políticos, como Lula tem, com Tarcísio. Lula tem problema com Tarcísio, como adversário, Tarcísio tem problema com Lula, eles se criticam, são de campos opostos. O governo federal passou R$ 10 bilhões do PAC para São Paulo. Uma coisa é ter posições diferentes. Agora eu, como prefeito de São Paulo, vou trabalhar junto com o governo federal e do estado para o que for melhor para a cidade” – sobre relação com governador Tarcísio de Freitas
“Minha atuação como deputado federal não foi impedida ou prejudicada em nada pela minha atuação como pré-candidato a prefeito de São Paulo. Se chegar o momento em que eu não consiga estar presente nas sessões da Câmara em Brasília, eu vou me licenciar. Esse momento não chegou. Tive uma falta em um ano e meio” – sobre atuação como deputado em meio à pré-campanha
“O público de menos de dois salários mínimos é o último que se decide na eleição. Nesse momento quem está pensando em eleição é candidato e jornalista. A maioria da sociedade está pensando na sua vida cotidiana. Esse público vai se decidir quando a campanha começar. A maior parte do público de zero a dois salários mínimos não sabe que o Ricardo [Nunes] é apoiado pelo Bolsonaro, que eu sou apoiado pelo Lula, não conhece ainda o xadrez eleitoral de São Paulo, as propostas de cada candidato” – sobre dificuldade de crescer sua intenção de voto entre os mais pobres
“A máquina cumpre um papel. Agora, se máquina decidisse eleição, Rodrigo Garcia era governador de São Paulo. Não foi nem para o segundo turno. A máquina dele era maior que a do Ricardo [Nunes], inaugurava dez obras por dia. Máquina não basta para ganhar eleição” – sobre vantagem de Nunes na corrida eleitoral por ser o atual prefeito.
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POR ANA LUIZA ALBUQUERQUE