Energia solar ganha adeptos e procura cresce em Marília
O Brasil ultrapassou recentemente a marca histórica de 17 gigawatts (GW) de potência instalada da fonte solar fotovoltaica em todo país. Esse número inclui usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia elétrica em telhados, fachadas e pequenos terrenos. A fonte tem crescido 1 GW por mês e hoje ocupa o terceiro lugar na matriz elétrica brasileira, apenas das usinas hidrelétricas e eólicas.
De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), esse tipo de energia já trouxe ao Brasil mais de R$ 90,5 bilhões em novos investimentos, R$ 24,6 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 514 mil empregos acumulados desde 2012. Com isso, também evitou a emissão de 25,5 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.
Para o Guilherme da Silva Santos, gestor comercial de uma empresa do setor situada em Marília, o crescimento na procura em 2022 foi de aproximadamente 30% na comparação com o ano passado. Ele afirmou que o mercado está aquecido, o público já conhece o produto e está preparado para investir.
“Hoje muita gente já entende bem sobre energia solar. Tem um conhecimento bem melhor que se trata de um investimento, que vale muito a pena. Registramos uma procura maior que o ano passado”, afirma Santos.
O gestor comercial revelou que além da questão da sustentabilidade, que é levada em conta por muitos clientes, preocupados com a situação do meio ambiente, o crescimento do setor passa pela economia proporcionada e pelo retorno do investimento em um prazo considerado pequeno, de três a quatro anos.
“O investimento em energia solar não precisa ser tão alto. Pode ser feito financiamento e a pessoa acaba trocando o valor da conta de energia pelo financiamento. É um investimento bem viável, sendo que a maioria dos materiais tem garantia de fabricação que gira de 10 a 15 anos. Além disso, existe uma garantia de geração de energia por 25 anos. Isso significa que nesse período as placas vão gerar no mínimo 80% da eficiência original dela”, explica o gestor.
Para o CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia, o avanço da energia solar no Brasil, via grandes usinas e pela geração própria em residências, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos, é fundamental para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do Brasil.
“A fonte ajuda a diversificar o suprimento de energia elétrica do país, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos e o risco de ainda mais aumentos na conta de luz da população. As usinas solares de grande porte geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis emergenciais ou a energia elétrica importada de países vizinhos, duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário sobre os consumidores”, afirma Sauaia.
O Brasil possui aproximadamente 5,3 GW de potência instalada em usinas solares de grande porte. Desde 2012, as grandes usinas solares já trouxeram ao Brasil mais de R$ 27,3 bilhões em novos investimentos e mais de 158 mil empregos acumulados, além de proporcionarem uma arrecadação de R$ 8,7 bilhões aos cofres públicos.
Para o engenheiro Adriano Sacconato, membro associado do Movimento Solar Livre, a partir de 2016 houve uma mudança no setor, com uma nova tecnologia sendo oferecida no país. Ele revelou que o mercado segue mais aquecido que no ano passado e que a expectativa é boa para o restante do ano.
“Hoje temos equipamentos com mais tecnologia embarcada e estamos otimizando a produção de energia. Com isso, os sistemas ficaram mais seguros e eficazes. Os módulos solares são muito mais eficientes e utilizando cada vez uma área menor do telhado para gerar a mesma energia. Além das empresas, hoje a maioria dos clientes são pessoas que querem instalar o sistema solar em casa”, revela Sacconato.
No segmento de geração própria de energia, são mais de 11,9 GW de potência instalada da fonte solar. Isso equivale a mais de R$ 63 bilhões em investimentos, R$ 15,9 bilhões em arrecadação e mais de 356 mil empregos acumulados desde 2012, espalhados pelas cinco regiões do Brasil. A tecnologia solar é utilizada atualmente em 98% de todas as conexões de geração própria no País, liderando com folga o segmento.
USINA FOTOVOLTAICA EM MARÍLIA
A Universidade de Marília (Unimar) conta com uma usina fotovoltaica que está em atividade e possui três unidades. Ela possui capacidade para gerar mais de 3,25 megawatts pico (Mwp). Deste total, 1,8 Mwp é utilizado na Unimar, 1,45 Mwp no fornecimento de energia ao Hospital Beneficente da Unimar e a terceira unidade, com 6 Kilowatts pico (Kwp), disponibilizada para uso experimental dos acadêmicos dos cursos de graduação e pós-graduação, incluindo as Engenharias e Arquitetura e Urbanismo.
De acordo com o pró-reitor administrativo da Unimar, Marco Antonio Teixeira, o projeto traz inovação e preservação do meio ambiente, beneficiando os acadêmicos, a cidade e a região. “Temos um compromisso muito grande com a sustentabilidade e chegou a hora de gerarmos energia limpa e sermos a única instituição de ensino de Marília a operar essa inovação”, comenta.
Os acadêmicos da área de exatas foram essenciais na implantação do projeto, participando de todas as etapas da construção e instalação dos painéis fotovoltaicos.
Segundo a pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Ação Comunitária da Unimar, Fernanda Mesquita Serva, a possibilidade de inclusão dos acadêmicos no projeto foi decisiva para o investimento. “A construção das usinas vem ao encontro com características muito valorizadas em nossa instituição: inovação, sustentabilidade e metodologias inovadoras. Além de produzir energia limpa, proporcionar ao nosso aluno essa experiência, é o que nos motiva”, ressalta.
Fernanda afirma que as usinas serão parte importante do chamado “Campus Inteligente”. “Estamos, constantemente, repensando os métodos educacionais, mas também tudo que possa ter relação com nosso ambiente físico e o contexto de convivência. Desta forma, investir em tecnologias de ponta, conectar dispositivos, aplicativos e pessoas, irá possibilitar experiências novas e cada vez mais eficiência operacional e em nossos serviços, além de tornar o Campus Unimar ainda mais ‘inteligente’”, finaliza.