Endividado, Daem poderá ter reajuste de tarifa ainda este ano
Com faturas de energia elétrica atrasadas, em um total que soma R$ 7,5 milhões, o Departamento de Água e Esgoto de Marília (Daem) foi incluído no cadastro de maus pagadores pela Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL).
O órgão foi inscrito no Serasa e espera autorização da Câmara Municipal para parcelamento da dívida junto à concessionária. O projeto estava na pauta da semana passada, mas houve pedido de vistas.
Mesmo com a pandemia, o presidente da autarquia, André Ferioli, espera que a tarifa de água na cidade tenha reajuste neste segundo semestre.
O dirigente alega que, com os aumentos no custo de energia elétrica, as dívidas parceladas e o custo de insumos em ascensão, a recomposição é uma “questão de responsabilidade”.
“O Daem sempre esteve em uma situação complicada, no limite. Estamos sem condições de investimentos e a realidade é que o valor da energia é muito alto. Fica na média de R$ 2 milhões por mês e corresponde a uns 40% de todos os nossos custos”, disse.
O presidente adite que o reajuste é uma medida impopular e que dependerá de disposição do prefeito Daniel Alonso (PSDB), mas afirma que a autarquia será pressionada por um aumento de 6,05% na energia a partir de julho.
“Já fomos avisados. Não vamos conseguir escapar desse aumento. Se hoje o Daem já tem dificuldades, o problema pode aumentar. Nosso grande objetivo, e estamos caminhando para isso, é reduzir os custos de tratamento na cidade com a obra do esgoto. Mas agora é fase de investimento e leva tempo para essa economia aparecer”, disse Ferioli.
Ao longo dos anos, segundo ele, além do alto custo com o tratamento de água em função da cidade não tratar esgoto, o serviço foi “artificialmente” mantido a patamares abaixo da realidade.
“A conta de água em Marília deveria ser reajustada de forma gradativa e constante, à medida que aumentam os outros custos. É assim com o gás, com a energia, mas com o Daem nunca foi. Isso é resultado da política. Aumentar é uma medida impopular”, disse o engenheiro, que se declara contra a privatização.
Inadimplência
O Daem divulgou que, apesar da grave crise econômica que já está sendo verificada por conta da pandemia, a inadimplência nos meses de abril e março ficou em cerca de 15%. O número antes e depois da pandemia não teve grande alteração.
A autarquia deve terminar em dezembro desse ano um parcelamento com a CPFL – foi feito em 48 vezes, no ano de 2016 – de débitos da gestão do prefeito Vinicius Camarinha (PSB).
O presidente lembra que, independente da situação do Daem, durante a pandemia não haverá cortes de água na cidade. Decreto que garante o fornecimento foi assinado pelo prefeito Daniel Alonso, mas pede que as pessoas que puderem, paguem as contas.
“Houve um decreto que rolou a conta de abril para dezembro. Mas muita gente, felizmente, optou por pagar já. Sabemos da situação complicada de muitas famílias, mas pedimos: quem puder, não deixe para depois. Pague a conta, porque se todos pagarem, já será difícil”, antecipou o presidente.