Em piquete, estudantes da Unesp apresentam diferentes demandas à diretoria
Estudantes e funcionários da Unesp promoveram uma paralisação nesta quinta-feira (18), para chamar a atenção para problemas enfrentados no Campus de Marília.
Entre as diferentes demandas está o retorno do “bandejão”, que foi suspenso durante o período mais crítico da pandemia da Covid-19. Na ocasião, o serviço foi substituído pela aquisição de marmitas de uma empresa terceirizada.
Ontem, os portões permaneceram fechados, com a ocupação dos estudantes.
De acordo com um representante dos acadêmicos, que não quis se identificar, um dos motivos para a paralisação é de ordem financeira. O aluno afirma que professores e funcionários da Unesp recebem menos do que os profissionais que trabalham na USP e Unicamp, mas fazem o mesmo trabalho.
“O trabalho do funcionário e do professor é igual, tanto na USP, Unicamp, quanto na Unesp. Só que a gente tem uma prioridade de pagamento para a USP. A Unesp é a que menos recebe, a que fica para trás. Quem está pagando a conta da Unesp é o trabalhador, pois o salário é reduzido”, diz o aluno.
Além da questão dos salários, os estudantes decidiram fazer um piquete no portão da Unesp, impedindo a entrada, na luta por uma política de permanência estudantil.
“Na universidade pública existe estudante pobre, que não tem onde morar e nem o que comer, apesar de ter passado no vestibular. A universidade tem que engendrar políticas de permanência estudantil. Uma delas é o restaurante universitário. Nosso restaurante universitário hoje está oferecendo 350 refeições, o que é muito aquém da real demanda”, explica.
Os estudantes também reclamaram da qualidade da comida oferecida e do desperdício verificado praticamente todos os dias. Atualmente, as refeições são feitas por uma terceirizada.
“Essa empresa tem prestado um serviço que é comum e frequente a gente encontrar cabelo, vir comida azeda ou mesmo estragada. A gente já encontrou até larva na comida. E isso não é uma excepcionalidade, é corriqueiro. Na semana passada, 85 marmitas foram jogadas no lixo. Temos um sistema de compra que é falho e nesse processo acaba sendo desperdiçada comida”, revela.
O modelo de marmitas foi implantado emergencialmente por conta da pandemia. Entretanto, a fase crítica da pandemia já passou, mas sistema permaneceu. Segundo os estudantes, isso fere o estatuto que rege o Restaurante Universitário (RU).
Os estudantes pedem um contato com a direção da Unesp e exigem o retorno do bandejão, da forma como era feito anteriormente, com a contratação de funcionários para o exercício da função. Eles também querem ser mais ouvidos em todas as discussões.
“A voz do professor tem peso de voto de 70%, dos estudantes de 15% e dos funcionários de 15%. Estudantes e funcionários não conseguem ter expressão. Temos esse problema na nossa democracia e a gente simplesmente não é escutado. A única forma que a gente tem é fazendo esse piquete. Se a gente não faz manifestação, o estudante não é ouvido“, finaliza o estudante.
OUTRO LADO
O Marília Notícia tentou contato com a Unesp, mas até o fechamento desta reportagem não havia obtido retorno sobre as demandas dos estudantes que promoveram a paralisação.