Em Marília, Doria critica Bolsonaro e pergunta: ‘onde estão as vacinas?’
O governador João Doria (PSDB), durante lançamento da campanha de imunização contra a Covid-19 em Marília, na tarde desta terça-feira (19), cobrou responsabilidade do Ministério da Saúde e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O Estado de São Paulo, sob a liderança de Doria, iniciou no último domingo (17) a aplicação de 1,4 milhão de doses da Coronavac, com prioridade para os profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia.
No início da tarde desta terça-feira, o chefe do Executivo paulista esteve em Marília, para início da vacinação no Hospital das Clínicas (HC).
“O presidente fala de Oxford, o ministro fala de Oxford. Eu pergunto: onde está a vacina de Oxford, onde está a AstraZeneca? Nós respeitamos e admiramos o trabalho da Fiocruz, mas como governador de São Paulo e, certamente, respondendo por outros governadores, nós precisamos de mais vacinas”, disse Doria.
A pressão ao governo federal foi feita após duas perguntas consecutivas, em que jornalistas locais questionaram sobre a continuidade da vacinação, tanto em relação aos profissionais de saúde dos outros hospitais de Marília, quanto aos demais grupos da população.
“Neste momento a única vacina existente no país foi a desenvolvida pelo Butantan com o laboratório Sinovac, apesar do desprezo e do negacionismo do presidente Jair Bolsonaro, que chamou de ‘vachina’, que a desqualificou”, disse o governador.
Doria lembrou ainda que a conduta do presidente foi a “oposta da Anvisa, que certificou a vacina do Butantan como segura e eficaz”. A autorização para uso emergencial foi decidida em reunião da agência no domingo (17).
“Agora é a hora de cobrar as vacinas. Onde estão as outras vacinas, para vacinar os outros brasileiros?”, cravou Doria, que foi aplaudido por profissionais de saúde e apoiadores presentes no hospital.
Lançamento
Polo regional de Saúde, Marília simbolizou na tarde de hoje a esperança dos paulistas e o esforço governamental de controlar a pandemia do coronavírus.
A cidade começou oficialmente a imunizar sua população, em uma campanha de saúde e de comunicação que promete ser desafiadora.
A busca de protagonismo pelas lideranças é tão grande quanto a expectativa da população de se ver livre da ameaça da Covid-19.
Doria chegou ao Hospital das Clínicas pouco antes das 14h. Ele foi recebido pela superintendente, Paloma Libânio Nunes, o prefeito Daniel Alonso (PSDB), o deputado estadual Vinicius Camarinha (PSB), e funcionários do hospital.
Um dos desafios da diretoria da instituição foi evitar aglomeração e reduzir o risco de contaminação, logo no ato público e entrevista coletiva que marcaram o início da imunização. Comentários nas redes sociais criticaram o número de pessoas presente no local.
Vinte profissionais de saúde foram vacinados na presença do governador e da coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Regiane de Paula.
Sequência da vacinação
A responsável pelo programa paulista disse que a vacinação terá sequência com o envio, ainda nesta terça-feira (19), provavelmente até às 22h, de mais vacinas para o público-alvo da primeira fase da campanha.
Não foi detalhado o total de doses, mas a expectativa é que também comecem a ser imunizados os profissionais de saúde do Hospital Beneficente Unimar (HBU), Santa Casa de Marília e rede básica de saúde.
O governador e titular da área técnica não anteciparam informações sobre o avanço da campanha para os idosos.
O programa estadual, que segundo Regiane de Paula foi incorporado ao programa nacional, prevê que a vacinação na população geral comece pelas pessoas com mais de 75 anos.
Para que todos os profissionais de saúde – hospitais, atenção básica, serviços privados – tenham acesso às duas doses necessárias contra o coronavírus, são necessárias pelo menos 20 mil doses da Coronavac.
Primeira vacinada
A primeira pessoa a ser vacinada em Marília foi a técnica de enfermagem Francine Rita de Cassia Domingues Viana, de 32 anos. Ela mora em Marília, não tem comorbidades, mas é uma das pessoas que contraiu a doença.
Francine trabalha no HC há quatro anos e disse ter sentido muito medo, pois convive na mesma casa com os pais de mais de 70 anos.
Seu isolamento social em casa foi muito difícil, pois ficou isolada no quarto, usando tudo descartável, sem contato nenhum com a família.
“Graças a Deus e aos cuidados necessários, meus familiares ficaram bem e não tiveram a doença. Continuo na linha de frente com orgulho, e recebo a noticia da vacina com muita alegria. Ontem pela primeira vez em dias, estava alegre, confiante e acreditando no futuro e em dias melhores para a saúde no Brasil”, afirmou Francine.