Em Marília, amigos de vítimas da Covid ficam sem informação
Diferente de outros municípios, em Marília amigos de pessoas que morreram com Covid-19 são privados de informações por uma regra de caráter geral, instituída pelo serviço funerário. Na cidade, o serviço é gerido por empresa privada, através de concessão do Poder Público.
A justificativa seria a ‘preservação das famílias’. Porém, a restrição gera desinformação e cria um efeito ainda pior na sociedade e combate à pandemia. As vítimas da Covid-19 em Marília não têm suas histórias contadas e acabam, no imaginário coletivo, tornando-se meras estatísticas.
As tradicionais notas de falecimento têm sido publicadas apenas para óbitos de outras causas. “Informamos que em respeito aos familiares das pessoas que faleceram em decorrência da Covid-19, não estamos divulgando os óbitos. Agradecemos desde já sua compreensão”, diz o site do serviço funerário.
Não é explicada a metodologia, nem esclarecido se as famílias são consultadas a cada caso. Marília soma 234 óbitos por Covid-19, sendo 20 em apenas na última semana.
Humanização
Para evitar a indiferença e preservar a história e memória das vítimas da Covid-19, várias iniciativas de humanização e sensibilização têm ocorrido no país. Uma delas é projeto Inumeráveis, um Memorial Digital feito por familiares e voluntários.
A ideia é contar em breves resumos a história de cada uma das vítimas do coronavírus no Brasil. Em cada relato, além das informações do autor, o site exige uma revisão de familiar da vítima.
A plataforma foi criada em abril do ano passado por artistas, jornalistas e voluntários.