Eleitores de Marília decidem neste domingo prefeito e vereadores
No ano marcado pela ameaça invisível na saúde, divergência e distanciamento social – com dúvidas e exceções virando regra – os eleitores vão às urnas para escolher os novos administradores e legisladores da cidade.
Em Marília, as 470 seções eleitorais esperam neste domingo (15) um total de 178.917 eleitores aptos a votar (5,8% a mais que em 2016). São oito candidatos à Prefeitura, além de 314 concorrentes ao cargo de vereador.
Dez, dos 13 vereadores, tentam continuar na Câmara. O atual prefeito Daniel Alonso (PSDB) busca reeleição, enquanto o ex-prefeito Abelardo Camarinha (Podemos) tenta retomar o cargo após 20 anos – enfrentando processos que geraram indeferimento da candidatura e inelegibilidade por corrupção.
O número recorde de candidatos a prefeito chamou a atenção do mariliense. Não houve uma frente ampla governista e o grupo de Daniel – com poucos partidos – aposta numa espécie de plebiscito do empresário, que há quatro anos derrotou (com vantagem pequena) o grupo Camarinha.
O MDB, nacionalmente conhecido como partido municipalista, surpreendeu em Marília. O ainda vice-prefeito Tato Ambrósio acenou com uma candidatura, mas antes do registro, retirou a intenção.
Uma dúzia de outros partidos, facilmente cooptáveis, se aglutinaram em torno do ex-prefeito condenado por corrupção, em uma jogada previsível. No grupo, a regra é “seguir o líder” e não há espaço para ideologia ou questionamentos.
Com a esquerda dividida, o eventual poder do bloco que tem eleitores fidelizados se dissipou. A estratégia nestas eleições está relacionada à “sobrevivência partidária”, com legendas como PT e PSOL buscando reagir contra a desidratação política e a pichação ideológica.
A direita emergente também quer ganhar musculatura e corre sozinha. Porém, duas candidaturas diferentes (Juliano e Regiane) reivindicam possível lucro do movimento bolsonarista, o que torna a missão dos candidatos mais difícil.
No ano do distanciamento social, legendas como PDT e PV optaram por candidaturas avulsas. O principal adversário é a polarização que tende a prevalecer, principalmente com o tema da inelegibilidade (Daniel x Camarinha) ocupando muito tempo do eleitor.
A crise dos vices
Marília teve recorde de possíveis vice-prefeitos que passaram pela Justiça Eleitoral. Foram 12 registrados, mas três ficaram pelo caminho (PRTB, PT e PCO) e uma candidata assumiu a cabeça de chapa (PSL).
Envolto em bandeira bolsonarista, o candidato Marcos Juliano, o “Juliano da Campestre” (PRTB), entrou em crise com Mário Coraíni Júnior (PTB) após o velho político ter assumido a relatoria da Comissão Processante que apura suposta quebra de decoro da vereadora professora Daniela D’Ávila.
Juliano foi cobrado nas redes sociais, já que o parecer de Coraíni apontou não ter havido “carteirada” e desagradou, principalmente, a base bolsonarista que o empresário deseja conquistar, ligada aos militares.
Quem também trocou o vice no caminho foi o professor Juvenal Aguiar (PT). O jovem militante Pedro Donizete Alves deu lugar à experiente professora petista Luci de Oliveira Milreu.
No PSL também teve “dança das cadeiras”, com a renúncia de Marcos Kohlmann (PSL). Regiane Mello assumiu cabeça de chapa e também escolheu uma mulher para vice: a representante comercial Rose Vernaschi.
Barrados
A Justiça barrou de forma definitiva quatro registros de candidatura. Outros 22 candidatos renunciaram aos registros que haviam feito inicialmente; três deles vão tentar outros cargos.
Os eleitores poderão ter seus votos anulados, ao votar em onze nomes (incluindo Abelardo Camarinha). São os candidatos indeferidos, que apresentaram recursos e estarão na urna eletrônica, mas terão que reverter a impugnação nas instâncias superiores da Justiça.
Perfil
O pleito tem 112 mulheres e 240 homens. Por trás destes números, a obrigação dos partidos de garantir pelo menos 30% das vagas para o gênero com menor participação. Na prática, a cota acaba se aplicando às mulheres.
O único candidato com mais de 85 anos que registrou candidatura não prosseguiu. O professor Mário Coraíni (PTB) renunciou à vaga de vice-prefeito na chapa, após desentendimentos com o líder do PRTB, Juliano da Campestre.
A aposentada Mioko Murata Aota, de 80 anos do mesmo partido de Coraíni, é a mais idosa. Já o mais jovem é o administrador Yago Neves (PV), que tem 21 anos. A maior parte dos concorrentes tem entre 40 e 55 anos.
Em relação a cor da pele, do total de candidatos aptos, 239 se declararam brancos, 40 pardos, 32 pretos.
Quanto à escolaridade, a maioria dos que vão concorrer (129) tem Ensino Médio completo. Outros 126 declararam curso superior completo e cinco candidatos sabem ler e escrever, embora não apresentem declaração formal de ensino.
Na eleição mais diversificada da história de Marília, candidatos se esforçam para se destacar, ainda que escondidos atrás das máscaras e muitas restrições. A torcida agora é para que o eleitor saia de casa para votar e usufrua do direito de votar que, ao menos neste dia, acaba com as desigualdades entre os brasileiros.