Eleições 2020: Marília Notícia entrevista Eliton Sanches
Nascido em Marília, filho de policial militar, Eliton Ricardo Sanches tem 46 anos e disputa um cargo público pela primeira vez. Ele ingressou na corporação em 1996, por meio da Escola Superior de Soldados. A atuação de praça foi reconhecida e em 2000 foi selecionado para cursar a Academia de Polícia Militar do Barro Branco.
Como oficial, atuou em Barueri (20º Batalhão Metropolitano da Polícia Militar), na Grande São Paulo, até se transferir para a Polícia Militar Ambiental. Comandou o pelotão de Assis, onde permaneceu até ser promovido a capitão.
Entre os candidatos a prefeito de Marília, ele foi o que teve mais tempo para definir aliança partidária. Por ser militar, não precisa se filiar a um partido. Só passa a ter sua atividade política ligada a uma legenda na data da convenção -que ocorreu já em setembro. Escolheu o Partido Verde (PV).
Por isso mesmo, teve tempo de dialogar com várias lideranças e alguns desentendimentos, como no caso do PDT do também candidato a prefeito Adão Brito.
Eliton rejeita vínculos com bandeiras ideológicas, mas como militar, atrai a simpatia de bolsonaristas. Entre as propostas dele está a criação do Conselho Municipal de Segurança Pública. Eliton pretende ainda criar planos de segurança para os bairros, com a participação ativa da sociedade. Confira a entrevista.
Marília Notícia – Marília é referência em saúde para a região e tem uma ampla rede básica, mas a população ainda reclama da demora para exames, diagnósticos, pequenas cirurgias e procedimentos de média complexidade. Como resolver?
Eliton – Temos que recuperar e estruturar, de forma adequada, as unidades básicas de saúde, fortalecendo-as como a principal porta de entrada do sistema de saúde, aumentando as equipes de atenção básica, no modelo de saúde da família e adequando as equipes existentes, com ampliação do horário de atendimento emergenciais para 24 horas.
Implantar uma política de gestão da informação para atender a necessidade da rede assistencial de gerenciamento eficaz, através de ferramentas tecnológicas de acesso informatizado e digital.
MN – O problema dos buracos ainda persiste em Marília. Há bairros antigos com o asfalto precário. Em outros, principalmente na periferia, há ruas sem asfalto. Como espera entregar melhorias nessa área?
Eliton – Há meios de obtenção de recursos, através de programas de financiamento do governo federal, como o Programa Avançar Cidades, onde a pavimentação é liberada para as cidades com menos de 250 mil habitantes. Dentro desse mesmo programa é permitido a construção de calçadas e ciclovias ou ciclofaixas para bicicletas.
MN – A cidade tem projetos de ciclovia, interligações de bairros e novas avenidas que resolveriam gargalos. Como viabilizar obras como estas e como melhorar a mobilidade urbana?
Eliton – Com a participação no Plano de Mobilidade Urbana obtendo financiamento de recursos de programas do governo federal, através do Ministério de Desenvolvimento Regional, pelo Programa Avançar Cidades, que conta com orçamento de R$ 4 bilhões por ano, para utilização em construção de ciclovias, guias, calçadas, pontes, viadutos, iluminação pública, obras de drenagem e arborização.
Há o PAC (Programa de Aceleração para o Crescimento), além, também, de uma outra possibilidade de financiamento através de Emendas Parlamentares que podem ser integradas com o Plano de Mobilidade Urbana. Para melhorar a mobilidade urbana há que se investir em obras que facilite todo e qualquer tipo de mobilidade (calçadas com qualidade, faixas e ciclofaixas para bicicletas, transporte coletivo com sistemas integrados, viabilidade de horários específicos para transporte de cargas e manutenção da qualidade de ruas e avenidas, bem como, de sua sinalização).
MN – Há décadas Marília ainda sofre com a falta d’água. É possível acabar com esse problema? O que o candidato pensa da privatização do Daem?
Eliton – Sim é possível. Com investimento em perfuração de poços com vazão suficiente para o abastecimento de toda a demanda, bem como, construção de reservatórios. É de fundamental importância a conclusão da obra do Ribeirão dos Índios que irá amenizar o grande problema enfrentado na zona Norte da cidade. Reestruturação das bombas de captação, com aquisição de materiais resistentes e com novas tecnologias.
Sobre a privatização do Daem, há que se analisar vários fatores, como a situação dos funcionários que lá trabalham, custo x benefício, qualidade na prestação de serviço e atendimento, por exemplo. Entendo pertinente haver a participação popular, vez que, a privatização do Daem pode vir a alterar atendimento, custo e prestação do serviço. Portanto, vejo necessária a opinião da população para concluir a real necessidade de tal mudança.
MN – O contribuinte ainda paga para transportar o lixo doméstico para fora da cidade. Para muitas cidades, o resíduo é um ativo, através de reciclagem e da compostagem. Em seu governo, essa despesa vai continuar? Como resolver o problema do lixo e quais suas propostas ligadas ao meio ambiente?
Eliton – Não vai continuar, vamos estabelecer a Economia Circular através de projetos de reciclagem com incentivo aos moradores para que realizem a separação dos resíduos, contribuindo com a coleta seletiva para o seu reaproveitamento, valorizando o que se joga fora e reduzindo a destinação dos resíduos em locais inadequados.
Vamos construir um aterro sanitário, respeitando a legislação específica, para a correta destinação dos resíduos, eliminando gastos com transbordo. Pretendemos implementar uma estratégia de desenvolvimento integrado sustentável que contemple, dentre outros, uma política efetiva de saneamento ambiental, incentivo às construções sustentáveis, ao consumo racional de energia e uso de energias renováveis.
MN – O trabalhador de Marília tem renda média abaixo de cidades polo do Interior, do mesmo porte. A renda do mariliense também está abaixo da média do Estado. O candidato tem proposta para que essa disparidade seja superada? O que fará com relação aos empregos e chegada de novas empresas?
Eliton – Aumentar a qualificação da mão de obra com cursos técnicos especialmente voltados para as áreas profissionais disponíveis no município. Incentivar plano de empreendedorismo, acelerar a empregabilidade com projetos de empregabilidade e capacitação.
A Prefeitura vai viabilizar concursos públicos dentro das áreas que necessitam de reposição de pessoal, aumentar quadro de funcionários de contratos terceirizados em 10% sem ocasionar desequilíbrio do contrato, admitir funcionários temporários para emprego em ações específicas para o período. Vamos estabelecer incentivos fiscais e contratuais para atrair investimentos em novas indústrias e empresas.
MN – A Prefeitura é constantemente criticada pela demora no atendimento ao cidadão. Aprovação de projetos de construção é um exemplo. Os pedidos levam meses, gerando desestímulo ao investimento. Qual é a proposta para reduzir a burocracia e melhorar a eficiência do serviço público?
Eliton – Investimento nos recursos humanos e em tecnologias que tornem o atendimento mais célere e eficaz.
MN – A violência tem feito vítimas, principalmente entre os jovens. Famílias são atingidas em todas as classes sociais, seja pelo avanço da dependência das drogas, que não distingue as classes, seja pelo ciclo “vício-tráfico” entre os mais pobres. O que um prefeito pode fazer para minimizar esse drama?
Eliton – A nossa proposta é implantar trabalho socioassistencial visando retirar os jovens e crianças das ruas através de projetos na área de esporte, cultura e assistência social, dando a possibilidade deles preencherem seus “tempos ociosos”, com atividades que, além do entretenimento, os transformam em cidadãos íntegros, honestos e preparados para a vida adulta.
MN – Os servidores municipais se ressentem, nos últimos anos, de não terem um plano de carreira. Aprovado em fim de mandato e revogado, há quase quatro anos, o plano acabou sendo objeto de disputa política. Haverá um plano aprovado no seu governo?
Eliton – No que depender do Poder Executivo sim, mas sabemos que essa não é uma decisão exclusiva do prefeito. Precisa de aprovação da Câmara Municipal, e essa será a meta a ser atingida. Iremos discutir em conjunto (Executivo, Legislativo e representantes dos servidores) para a conclusão e aprovação do plano.
MN – Como tratar o Ipremm, que atualmente tem problemas gravíssimos?
Eliton – Cumprindo o repasse de verba previsto em Lei, dando assim, condições para que consigam administrar sua demanda.
MN – Qual a sua avaliação para a Educação municipal hoje? O que dá para melhorar?
Eliton – Boa. Devemos manter a qualificação e o aperfeiçoamento de todos os profissionais envolvidos, através de cursos, estágios, ciclo de palestras etc. Assim, acompanhamos e nos mantemos atualizados sempre buscando a melhora no serviço prestado. Atualização constante do material didático, bem como, utilização de novas tecnologias para o alcance de ensino de qualidade. Modernização e reestruturação das instalações físicas, proporcionando conforto e bem estar durante a aprendizagem.
MN – Pouco foi feito fora do usual no Esporte na atual administração. Os poliesportivos na cidade continuam abandonados, por exemplo. Qual a avaliação e o que pretende fazer?
Eliton – Realmente o esporte está sendo pouco incentivado. Devemos revitalizar os poliesportivos, implementando escolinhas de diversas modalidades esportivas para descentralizarmos as ações e alcançarmos todas as regiões da cidade, porém, mantendo os centros de treinamentos específicos para algumas modalidades desportivas, as quais Marília já foi celeiro de grandes e importantes atletas, como por exemplo, atletismo, futebol, judô, taekwondo, karatê, entre outras modalidades.
MN – Cultura? Qual a avaliação e o que pretende fazer?
Eliton – A Cultura, como o próprio Espaço Cultural, está um abandono. Pretendemos reformar e reestruturar o Espaço Cultural para que possa ser utilizado para todas as manifestações culturais através dos artistas da cidade, sejam eles conhecidos ou anônimos, mas, que possam ter a oportunidade de se manifestar através de sua arte. Restabelecer festivais dos mais diversos gêneros musicais. Concursos de música, dança, desenho, poesia, pintura etc. Cursos de artes, artes cênicas, música, dança, desenho, dentre outros.
MN – Proteção animal. Qual sua avaliação e o que deve ser feito?
Eliton – A legislação ambiental é bem rígida em relação aos casos de desrespeito com os animais. Acredito que um trabalho conjunto com os órgãos de fiscalização e repressão seria mais eficaz, pois, auxiliaria no atendimento das demandas, que aumentam a cada dia. Os órgãos de fiscalização não têm seu contingente aumentado, além de terem outras atribuições na área ambiental e outros muitos municípios para atenderem, portanto, o trabalho em conjunto possibilita celeridade no atendimento das demandas e consequentemente, apoio efetivo na proteção dos animais.
MN – Tem em mente alguma grande obra?
Eliton – Solução definitiva para o problema de abastecimento de água.
MN – Qual será o maior feito da sua possível administração?
Eliton – Diminuir a distancia entre a Prefeitura e as comunidades carentes, levando qualidade de vida e dignidade para essa grande parcela da população, a qual, vemos há muitos anos esquecidas pelo Poder Público local, em muitas vezes em situação de vulnerabilidade.
MN – Como fazer Marília crescer ordenadamente? Na última década a cidade cresceu sem muita organização, com bairros distantes do Centro, sem infraestrutura, com mobilidade ruim para os moradores, entre outros problemas.
Eliton – Através de um desenvolvimento urbano planejado onde devemos questionar: qual será o índice de ocupação daquela região? Quantas unidades? De que tamanho? Qual população envolvida? Qual o perfil? O entorno e os impactos? Com o devido dimensionamento da ocupação, calcula-se o tamanho das vias, a capacidade das redes de água, esgoto e energia elétrica necessárias ao atendimento das pessoas e das empresas, tratando determinadas questões ligadas à mobilidade e sustentabilidade.
MN – O senhor voltou para Marília há dois anos, ou seja, só viveu praticamente metade da gestão atual como morador da cidade. O que faz o senhor pensar que está preparado para administrar a cidade de onde esteve ausente? O senhor conhece os fatos da história recente da cidade?
Eliton – Desculpe, mas a sua informação está equivocada. Eu me ausentei de Marília apenas profissionalmente, porém, permaneci residindo em Marília, onde, me ausentava de segunda a quinta-feira e estava na cidade de sexta-feira a domingo. Portanto, nunca estive totalmente ausente, ou mesmo, deixei de residir em Marília.
Sou mariliense há 46 anos, conheço muito bem os fatos das histórias atual e passadas da minha cidade. Porém, não é só pelo fato de conhecer os fatos históricos da minha cidade que me capacitam a administrá-la, mas sim, todo o conhecimento adquirido durante meus 24 anos de experiência profissional na Polícia Militar, sendo, 15 deles como Gestor Público nas funções de Comandante de Pelotão e de Companhia na Polícia Ambiental, bem como, pela minha formação acadêmica e pelo amor incondicional que tenho pela minha cidade natal. O meu currículo de honestidade, disciplina e experiência administrativa me capacitam para tal atribuição.
MN – Marília tem diversos condomínios horizontais de amplas áreas e hoje convive com uma série de problemas ambientais. Porque estes problemas se agravaram, mesmo com uma unidade da PM Ambiental na cidade?
Eliton – Pelo fato de administração passada, visando interesse econômico, ter sancionado lei municipal contrariando a legislação ambiental federal diminuindo a proteção ambiental das características de relevo da nossa cidade, e mesmo com a ação de fiscalização da Polícia Ambiental, autuando essa irregularidade, a Justiça determina o cancelamento dessas ações de fiscalização com base na legislação municipal, fato que permite esses problemas ambientais causados pelos condomínios horizontais de amplas áreas.
MN – O nome do senhor foi cotado em diferentes partidos esse ano, como PDT e PSL, partidos completamente antagônicos no espectro político. Acabou indo para o PV. Como você se identifica ideologicamente, afinal?
Eliton – Minha ideologia é Marília, não defendo bandeira partidária, muito menos ideologia. Acredito que quem faz a diferença são pessoas e não partidos políticos e suas ideologias, e posso te garantir que no PV encontrei pessoas que corroboram e respeitam o que almejo para a nossa cidade.
Recebi convite de sete partidos para essa eleição, e pelo fato de eu ser militar da ativa, tive a oportunidade de conhecer os partidos e decidir recentemente, isso me possibilitou escolher o partido que não me fez nenhuma exigência ou mesmo me restringiu de ser quem eu sou, bem como, não fez acordo politico, de interesses pessoais, com nenhum outro partido, com troca de vantagens, como infelizmente, ocorre há alguns anos na política em Marília. É justamente isso que queremos mudar, e o PV me deu essa autonomia.