Eleição é adiada para novembro; candidatos em Marília comentam
A Câmara dos Deputados concluiu a votação do primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que adia as eleições municipais para novembro. Os deputados devem iniciar ainda hoje (1º) o segundo turno da votação. O Marília Notícia repercutiu a decisão com alguns dos pré-candidatos locais.
Daniel Alonso
Para o prefeito Daniel Alonso (PSDB), do ponto de vista da saúde pública, o adiamento não significa nenhuma garantia. “Não vejo a menor necessidade de ter mudado um mês ou 40 dias. Porque vai desacelerar? Qual especialista no mundo tem condições de garantir que 30 dias a mais ou a menos vão resolver?”, questiona.
O atual chefe do Executivo vê motivo para preocupação com o curto prazo para prestação de contas, recursos e diplomações, para a posse no primeiro dia de 2021.
“Vai ficar um período muito curto para o pós-eleições. Não sei se Justiça Eleitoral vai ter tempo de acertar tudo isso e diplomar todo esse pessoal. Eu acho que o adiamento pode trazer até mais complicações do que soluções”, opina.
Daniel afirma não ver impacto do ponto de vista eleitoral. “É claro que temos um planejamento de obras a serem entregues, que estava apontada para este ano. Muitas foram postergadas. Houve suspensão de convênios. Não são 40 dias que vão mudar isso”, afirma.
O chefe do Executivo afirma que haverá meses difíceis pela frente, o que pode ficar mais evidente para o eleitor. “Se olharmos em 2016, em uma época dessa o Vinicius (ex-prefeito) já não estava mais pagando ninguém”, alfineta.
Segundo Daniel, o adiamento pode desfavorecer quem vai para a campanha da reeleição. “Vai ser um desafio muito grande, porque estes próximos meses serão os mais difíceis”, antevê.
“Para quem pegou a cidade no fundo do poço, jogada às moscas, com chorume correndo a céu aberto, por falta de coleta de lixo, para quem enfrentou a greve dos caminhoneiros, para quem enfrentou a pior crise da história do país e agora bate de frente com a pandemia, pode acontecer o que for, já estamos mais do que testados”, finalizou.
Camarinha
O ex-prefeito e ex-deputado Abelardo Camarinha (Podemos), concordou com Daniel de que o adiamento não é necessário. E fez a mesma pergunta. “Quem garante que em 15 de novembro (a pandemia) não pode estar pior?”
O político, que aposta na polarização e demostra ansiedade para as urnas, acha que a mudança “favorece quem está com a máquina”, porque terá “mais 42 dias para trabalhar”.
“O prefeito Daniel ficou 42 meses sem trabalhar, agora vai ter mais um. Mas tanto faz ser em outubro ou em novembro, nós vamos ganhar”, sentenciou Camarinha, que enfrenta diversos problemas com a Justiça e ainda pode ser impedido pela lei de ter seu nome na urna.
Questionado sobre a questão sanitária, o ex-deputado afirma que vê falta de organização. “Coloca a votação das 7h até às 20h, com os idosos votando primeiro, as mulheres e depois os homens, evitando aglomerar as pessoas, não precisava de adiamento”, sugere.
Marcos Juliano
O radialista Marcos Juliano (PRTB) é o único dos três pré-candidatos com mais chances que se declara favorável a mudança. Ele pondera e diz que o foco deve ser o combate à pandemia. Para o político, há risco da campanha eleitoral ficar ainda mais rançosa.
“Não tem clima. Imagina o desrespeito às pessoas que perderam um ente para o coronavírus. Ou, outro lado, a desconsideração com quem está perdendo emprego, perdendo seu negócio. Não existe clima”, acredita.
Juliano afirma que o momento é oportuno para “quem é prefeito governar” e quem é vereador “legislar”. Não há clima, segundo ele, para um candidato reunir correligionários, entrar nas casas das pessoas, pedir votos e discutir política.
“É hora de trabalhar, ajudar as pessoas, de ajudar o país a sair dessa situação triste que estamos. Não dá pra perder tempo com embate e com disputa de poder com as pessoas nessa situação de desalento”, afirmou.
As mudanças
A Câmara dos Deputados concluiu a votação do primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que adia as eleições municipais para novembro. Os deputados devem iniciar ainda hoje (1º) o segundo turno da votação.
O texto-base foi aprovado por 402 votos a favor e 90 contra. Pela proposta, a escolha de prefeitos e vereadores em todo o País será em 15 de novembro – data de votação no primeiro turno – e 29 de novembro -, caso haja uma segunda rodada. Apesar do relator, deputado Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR), ter mantido o texto como o aprovado pelo Senado, a Câmara fez duas supressões no texto por meio de destaques.
A primeira mudança retirou a possibilidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidir sozinho, no caso de as condições sanitárias em um município não permitirem a realização das eleições em 15 de novembro, um adiamento ainda maior com o limite de 27 de dezembro. Agora, será necessária a aprovação do Congresso para isso. A segunda retirou um trecho sobre o TSE promover a adequação das resoluções que disciplinam o processo eleitoral.
Essas supressões não fazem com que o texto retorne ao Senado e, se for aprovado assim durante o segundo turno, poderá seguir para promulgação.
Segundo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), isso será feito amanhã, às 10h, pelo presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
A alteração do calendário eleitoral é motivada pela pandemia do novo coronavírus e, com o adiamento das disputas para novembro, a expectativa é de que a incidência e o risco de contaminação pela doença entre eleitores sejam menores.
Outras datas do calendário eleitoral também serão alteradas. O início oficial da campanha eleitoral fica adiada de 16 de agosto para 27 de setembro. No rádio e TV, a campanha terá início em 9 de outubro. A proposta permite também a posse de prefeitos e vereadores no País antes do julgamento das contas de campanha pela Justiça Eleitoral. Até a semana passada, o discurso oficial dos parlamentares contrários à mudança era de que nada garante que postergar a votação em 42 dias fará com que a pandemia seja controlada nesse período.