Educação e sacolas retornáveis prometem alavancar reciclagem
Campanha corpo a corpo, nas ruas e nas casas, começou a ser desenvolvida em Marília para que a população se prepare para a coleta seletiva. A ideia é que os Locais de Entrega Voluntária (LEVs), os populares ecopontos, funcionem como projeto-piloto para uma estrutura mais ampla. Além disso, o município prepara licitação para compra de 20 mil sacolas retornáveis, para que a população inicie o processo de separação de materiais nos domicílios.
O lixo que vale dinheiro interessa – e ajuda a sustentar – cada vez mais pessoas. Porém, a presença de resíduos orgânicos no meio dos recicláveis, o descarte de materiais inviáveis para venda e o custo da operação de armazenagem e transporte são barreiras para os trabalhadores.
A reciclagem garante renda para a catadora Andreia Rondon Santos, de 39 anos. Ela e o marido, que moram com dois filhos, acreditam em dias melhores, com o avanço do programa de coleta seletiva em Marília. A família acabou de criar o selo “Ajude a Reciclar”, responsável por um ponto de coleta na zona Oeste, próximo ao lago do Jardim Aquarius.
Com autorização da Prefeitura, o casal custeou e instalou o LEV padronizado. A iniciativa teve o apoio do projeto EcoEstação, além de uma doação em dinheiro e um bom desconto na compra da chapa de metal, que saiu pelo preço de custo.
A mulher conta que começou a fazer dinheiro das sucatas há pouco mais de dois anos. O marido vem de uma família de coletores e foi criado, graças ao esforço dos pais, com a renda obtida nas ruas. A vida de pessoas como a de Andreia e do companheiro fica menos dura com conscientização.
“No nosso Ecoponto, é só um ou outro [morador] que mistura materiais. Está dando muito certo, mas esse problema de lixo doméstico junto é sério, atrapalha. Nós temos a autorização [da Prefeitura], mas ficamos responsáveis por manter o lugar limpo. Se alguém joga lixo doméstico, temos que trazer para descartar aqui, na nossa própria casa”, explica Andreia.
Com o avanço da coleta e das ações educativas, a mulher acredita em dias melhores. “É preciso que as pessoas conheçam melhor os benefícios da reciclagem. A cidade toda ganha. Quem puder, deixe materiais no nosso ecoponto. Vai ajudar muito”, garante.
ECONOMIA INTELIGENTE
A logística reversa de materiais – diante da escassez e encarecimento de várias matérias-primas – já interessa para uma parte considerável da indústria, mas ainda não acontece por inúmeros motivos.
Em Marília, aos poucos, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Limpeza Pública (Smalp) tem conseguido avançar pelo menos na discussão da pauta ambiental e no apoio aos catadores e suas famílias, por meio de parcerias na instalação dos LEVs, além de outros projetos.
Leandro Silva Rodrigues, interlocutor do Programa Município VerdeAzul, desenvolvido pelo Governo do Estado para apoiar e monitorar as políticas ambientais, conta que a iniciativa traça os trabalhos realizados e os objetivos a serem alcançados.
“Marília sempre cobrou a coleta seletiva e hoje temos a oportunidade de participar desta ação tão importante para o meio ambiente e para a inclusão social de catadores em nossa cidade”, destaca.
A intenção, explica, é utilizar os ecopontos para educar a população sobre como fazer o descarte correto. “Estamos orientando de porta em porta os cidadãos ou deixando panfletos em suas casas, quando não os encontramos. A ideia é explicar os materiais que são passíveis de reciclagem e onde descartar os demais resíduos em nossa cidade, como pneus e móveis velhos”, diz.
Resíduos da construção civil e lixo eletrônico também exigem locais apropriados. Atualmente, funciona na cidade aterro autorizado e particular dos caçambeiros, além do ecoponto da zona Sul, que recebe parte dos materiais que não devem ser colocados nos LEVs.
Para Simone Macanhan, também interlocutora do programa estadual, a participação dos moradores é fundamental. “A coleta seletiva depende do Poder Público, mas também da ampla participação popular. Estamos sentindo os impactos econômicos causados pela falta de matéria-prima no mercado e a reciclagem colabora com grande parte dos insumos da indústria”, reforça.
SACOLAS RETORNÁVEIS
O município, ainda conforme Simone, vai licitar 20 mil sacolas retornáveis para avançar com a coleta de porta em porta. “Porém, precisamos que a população saiba como descartar corretamente”, reforça.
Além de gerar renda a famílias que vivem da reciclagem, os impactos ambientais consequentes de ações como esta são sentidos na redução do aquecimento global, na qualidade do ar e na limpeza pública urbana.
“Os bons resultados só surgirão se cada um fizer seu papel na sociedade. Não adianta cobrarmos resultados, se todos não participarem para alcançarmos os objetivos deste trabalho socioambiental”, destaca.
Para mais informações sobre coleta seletiva, ligue: (14) 9 9717-6019 (Aprenda a Reciclar), (14) 9 9878-9034 (Recicla Marília) e (14) 9 9777-0288 (EcoEstação) ou acesse a página Onde Descartar que mostra locais em que estão instalados os LEVs de Marília.