Doria corta R$ 1,5 milhão da Santa Casa em plena pandemia
A Santa Casa de Misericórdia de Marília afirma que vai sofrer um corte de R$ 1,5 milhão em seu orçamento deste ano, após determinação do governador João Doria (PSDB) publicada no Diário Oficial do Estado na última quarta-feira (6).
Trata-se de um corte de recursos na ordem de 12% nos programas Pró-Santas Casas e Santas Casas SUStentáveis, destinados ao custeio das Santas Casas e hospitais filantrópicos de São Paulo.
O corte afeta não só o tradicional hospital mariliense, mas todas as Santas Casas paulistas e outros importantes órgãos de saúde que não visam o lucro.
Cerca de 180 entidades devem ser atingidas e elas são responsáveis por cerca de 60% dos atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente no interior do Estado. Para elas, a perda deve ser de R$ 80 milhões.
A medida, em plena pandemia, pegou de surpresa os dirigentes locais que estão preocupados com as graves consequências que podem ser acarretadas.
Este ano a Santa Casa de Marília esperava receber cerca de R$ 13 milhões dos dois programas que serão prejudicados pelo corte. Com a medida, esses recursos devem encolher para R$ 11,5 milhões, aproximadamente.
Para se ter ideia da gravidade da situação, o corte equivale a aproximadamente metade dos recursos repassados pela Prefeitura de Marília para a Santa Casa utilizar no combate à pandemia até agora, cerca de R$ 3 milhões.
A Santa Casa é uma das reverências municipais para internação de pacientes com Covid-19. Nos últimos dias os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) têm ficado totalmente lotados.
Com a redução dos repasses por determinação do governo Doria, a Prefeitura pode ter que aumentar os recursos a serem destinados para a Santa Casa. A entidade filantrópica também pode ficar mais dependente de outras fontes de receitas para impedir a suspensão de serviços.
Repúdio
Edson Rogatti, diretor-presidente da Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Beneficentes do Estado de São Paulo (Fehosp), se manifestou sobre a situação nesta sexta-feira (8).
“O setor que destina mais de 47 mil leitos de enfermaria, mais de 7 mil leitos de UTI ao SUS, representa mais de 50% das internações e mais de 70% dos atendimentos em alta complexidade, como oncologia, cardiologia e transplantes, está indignado com a resolução do governo estadual”, afirmou Rogatti.
De acordo com ele, em mais de 200 municípios do Estado, a Santa Casa ou o hospital filantrópico é o único equipamento de saúde para atendimento à população. “A redução dos recursos de custeio impactará em todos os atendimentos dessas unidades”, disse o diretor.
“Os programas estaduais já sofriam com defasagem dos valores e cortes anteriores, mas não irão suportar o mesmo volume e qualidade de atendimento com esse corte em plena pandemia”, completou.
Rogatti declarou ter esperança de que o governador impedirá qualquer tipo de redução dos recursos comprometidos para o setor filantrópico da saúde, mesmo com a publicação da resolução com o corte de recursos.
“Caso não encontre uma forma de remediar essa injustiça e se a legítima expectativa do setor que representa aproximadamente 60% dos atendimentos SUS não comover seu coração, a população só terá como alternativa buscar atendimento nos hospitais públicos estaduais”, concluiu o representante das Santas Casas se dirigindo a João Doria.