Dólar abre em estabilidade antes de decisões de juros no Brasil e nos EUA
O dólar rondava a estabilidade nas primeiras negociações desta segunda-feira (29), à medida que investidores mostram cautela antes das decisões de política monetária do BC (Banco Central), Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) e Banco do Japão nesta semana.
Às 9h07, o dólar à vista caía 0,12%, a R$ 5,651. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,26%, a R$5,653.
Na sexta-feira (26), o dólar fechou em alta de 0,17%, aos R$ 5,657, e a Bolsa avançou 1,22%, aos 127.492 pontos.
O dia foi marcado pela divulgação dos últimos dados de inflação dos Estados Unidos, que reforçaram apostas de um corte na taxa de juros pelo Fed em setembro, e pelo balanço corporativo da Vale, na cena doméstica.
O PCE (preços de gastos com consumo, na sigla em inglês) subiu 0,1% no mês passado, depois de ficar inalterada em maio. No período de 12 meses até junho, o índice de preços avançou 2,5%, de 2,6% em maio.
O indicador é a medida preferida do Fed para aferir a inflação e, assim, balizar as decisões sobre juros. A autoridade monetária dos Estados Unidos se reúne entre terça e quarta-feira desta semana para bater o martelo sobre a taxa de referência.
O Comitê de Política Monetária do BC (Banco Central) também se reúne nestas mesmas datas – e a decisão de ambas as autarquias será conhecida na quarta-feira, dia apelidado de “super quarta” pelos agentes financeiros.
A expectativa é que tanto aqui, quanto nos EUA, os juros permaneçam inalterados. A Selic está em 10,50% ao ano, enquanto a taxa norte-americana se encontra na faixa de 5,25% e 5,50%.
Os dados de inflação do PCE, assim como os do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados na véspera, apontam que as pressões sobre os preços ao consumidor estão diminuindo e se aproximando da meta de 2% estipulada pelo Fed.
Isso reforça a tese de que a autarquia poderá cortar a taxa de juros na reunião de setembro, a próxima depois da que acontecerá na semana que vem, o que dá fôlego aos investidores e atratividade aos mercados emergentes.
A ferramenta CME FedWatch, que monitora as apostas do mercado quanto à política monetária dos EUA, aponta que as chances de um corte em setembro subiram para 95%. Segundo Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos, o movimento é positivo para o Ibovespa.
“A queda dos juros por lá favorece o Ibovespa, porque estimula a procura de investidores por países de mais risco, como o Brasil. Com isso, há uma entrada de dólares para que o investidor possa comprar real e aplicar na Bolsa, o que leva à valorização da nossa moeda”, afirma.
O dólar nesta sexta, no entanto, reverteu perdas vistas mais cedo ainda no início da tarde. A justificativa recai na atratividade do iene japonês, que vem se beneficiando da expectativa de aumento de juros pelo Banco Central do Japão.
Um iene valorizado ante o dólar e a possibilidade de diminuição no diferencial de juros entre Japão e Estados Unidos levam investidores a reverter operações de “carry trade”, isto é, quando tomam ativos em locais com juros baixos para rentabilizar em outros com juros mais altos. Isso provoca uma fuga de capitais de emergentes para sustentar essa reversão no mercado japonês.
Na cena corporativa, a Vale foi destaque no pregão da B3, com alta firme de 1,60% sustentando o Ibovespa. A mineradora reportou que o lucro líquido mais que triplicou entre abril e junho na comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo a marca de US$ 2,77 bilhões.
O lucro da companhia, uma das maiores produtoras de minério de ferro do mundo, ficou acima da expectativa de analistas consultados pela LSEG, que esperavam lucro de US$ 1,7 bilhão. O resultado foi também 65% maior que o registrado no primeiro trimestre, quando somou US$ 1,68 bilhão.