Marília é envolvida em suposto esquema de corrupção
Documentos obtidos pelo portal G1 do Distrito Federal e divulgados pelo Bom Dia Brasil da TV Globo nesta quinta-feira (4), evidenciam a existência de um esquema de fraude em licitações de transporte urbano que operou em ao menos 19 cidades de sete estados e do Distrito Federal com o objetivo de favorecer, principalmente, empresas de duas famílias – Constantino e Gulin.
Uma das licitações sob suspeita é a de Marília. Em alguns casos, os editais – que deveriam ter sido feitos pelas prefeituras – são redigidos pelos próprios empresários e advogados meses antes do anúncio oficial da licitação.
Entre os documentos, há troca de e-mails entre empresários, advogados e funcionários de prefeituras sobre a elaboração de editais de forma a atender os interesses das empresas nas licitações.
Em Marília, os documentos obtidos pelo G1 indicam que Sacha Reck (advogado das empresas vencedoras nas licitações) e empresários de ônibus elaboraram até mesmo o projeto de lei municipal que autorizou a concessão, em 2010. A licitação ocorreu em 2011 (prefeito na época era Mário Bulgareli), com vitória da Viação Cidade Sorriso e da Grande Bauru, empresas das famílias Gulin e Constantino.
Em 3 de maio de 2010, o empresário Pedro Constantino encaminhou a Sacha Reck e-mail que recebeu do deputado estadual de Minas Gerais Deiró Marra (PSB) com a minuta de um projeto de lei de Marília que autoriza a prefeitura a contratar, por regime de concessão, empresa para operar transporte coletivo na cidade.
Deiró Marra é dono da empresa de logística Grupo PHD. No e-mail a Sacha Reck, com assunto “confidencial, restrito a nós”, Pedro Constantino pede que o advogado faça “considerações, análises e modificações” na minuta.
Ao longo de 2010 e 2011, e-mails apontam que o advogado e empresários da Viação Cidade Sorriso e da Grande Bauru tentam encontrar empresas “parceiras” para figurarem na licitação somente para viabilizar a vitória das duas companhias. Em novembro de 2011, Cidade Sorriso e Grande Bauru são declaradas vencedoras do certame.
Antes das eleições municipais de 2012, o atual prefeito Vinícius Camarinha (na época candidato) disse que desaprovava o formato das licitações feitas pela Prefeitura da época.
Após ser eleito Camarinha enfrentou até a Justiça para garantir o resultado dessas mesmas licitações, como divulgado amplamente pela imprensa na época.
Vale lembrar que dias atrás o Marília Notícia fez uma reportagem mostrando as reclamações dos marilienses sobre o péssimo serviço de transporte coletivo na cidade.
A assessoria de imprensa da Prefeitura divulgou um comunicado sobre o caso: “A licitação para o serviço de transporte coletivo foi realizada e concluída, em 2011, na gestão do ex-prefeito Mário Bulgarelli. Diante das supostas irregularidades denunciadas pela Rede Globo, a Prefeitura de Marília – por meio da Corregedoria Geral do Município – esclarece que já está tomando as providências e vai abrir uma sindicância para apurar o caso”.
A AMTU, associação que representa as empresas, ainda não se pronunciou sobre a denúncia.
Com informações do G1