Diretora que começou como serviços gerais lembra luta
Da digna função de auxiliar de serviços gerais à direção escolar. A trajetória da professora e gestora escolar Nádia Maria Julian é marcada pelo amor à Educação. São 21 anos dedicados aos alunos, cinco deles como professora e nove no comando da Escola Municipal de Ensino Fundamental Myrthes Pupo de Negreiros, na zona Sul da cidade.
A oportunidade de trabalhar em uma escola foi o que despertou a paixão em Nádia. “Minha trajetória profissional começou há 21 anos, eu estava com 31 na época. Ingressei no cargo de auxiliar de serviços gerais. Eu tinha o magistério, mas não o curso superior”, conta.
Antes, ela teve outras ocupações não relacionadas à Educação. Teve um filho e exerceu a mais nobre atividade laboral: cuidou do pequeno até que pudesse sentir que poderia regressar ao mercado de trabalho.
“Eu não imaginava que poderia dar aulas. Mas isso mudou, depois que comecei a trabalhar em uma escola. Observava os intervalos [das aulas] e ‘o fazer’ dos professores, o que me incentivou a cursar uma faculdade. Passei no vestibular da Unesp depois de estudar em casa”, conta.
Nesse período de graduação em Pedagogia, Nádia precisava fazer o estágio obrigatório, mas esbarrou na falta de tempo.
Para não abandonar os estudos, Nádia aproveitava os dias de folga a que tinha direito – as chamadas abonadas do servidor – e passava longas horas nos estabelecimentos de ensino, cumprindo os estágios.
“Aprendi muito observando professores maravilhosos. Essa etapa é essencial na formação do profissional. Nessa época, eu já estudava muito para concursos”, conta.
Mesmo com a dedicação, Nádia sofreu várias reprovações. “Depois que comecei a passar, foram vários. Alguns, eu até recusei. Escolhi a Prefeitura de Marília, onde fui admitida em 2005, após uma aprovação em um dos primeiros lugares”, conta.
Por cinco anos exerceu a docência. Executou as atividades que tanto admirava, nos tempos em que era auxiliar de serviços gerais.
“Eu amei dar aulas. No segundo ou terceiro dia de ano letivo eu já sabia o nome de todos da sala, me envolvia muito. Amava preparar aula, fazer semanários. Na rede municipal, foram vários cursos e capacitações que a gente não esquece”, se emociona.
Nádia atuou como professora nas escolas Antônio Ribeiro, Antônio Moral, Nivaldo Mariano dos Santos. “Fiz faculdade porque penso que todas as pessoas precisam buscar uma formação. Eu tinha um potencial que não sabia, estava adormecido”, considera.
Ela não perdeu tempo quando o município abriu concurso para direção escolar. Passou com boa classificação e escolheu a escola Myrthes Pupo de Negreiros para trabalhar, onde está há nove anos.
A Educadora teve que fazer uma reprogramação mental e descobrir as “alegrias” da nova função, já que a paixão pela sala de aula ainda falava muito alto.
“Hoje ofereço um olhar diferente, sabendo o que as professoras passam e precisam na sala. Todas as funções que ocupei tiveram suas alegrias, mas a sala de aula é a melhor, não tenho o que falar. Você estar lá com as crianças que estão aprendendo… É muito prazeroso. A melhor fase que passei foi quando estive em sala”, define.
Ainda bem que, na direção escolar, com uma equipe de múltiplas habilidades, Nádia preserva a interação com os alunos. Vivendo cada espaço da escola, a diretora consegue usufruir do privilégio de professora, que vê o processo de aprendizagem acontecer, a evolução de cada aluno.
“Não tem como não se emocionar. A escola é um ambiente vivo. Cada colaborador, independentemente de sua função, participa do processo que vai resultar na formação do aluno. A docência mudou minha vida, a maneira como vejo o mundo”, agradece a “professora-diretora”, que teve o privilégio de servir na escola e enxergá-la por diferentes ângulos.