Dilma: ‘o grande presidente para o Brasil é Lula’
Dilma Rousseff visitou Buenos Aires para comentar sobre a figura feminina nas lutas populares da América Latina. A ex-presidenta também participou de um almoço com dirigentes políticos, sindicais e sociais, e foi à sede da Universidade Metropolitana para a Educação e o Trabalho (UMET), uma das entidades organizadoras do evento.
Aos jornalistas argentinos, a ex-presidenta criticou o Governo de Mauricio Macri, atribuindo-lhe a liderança de uma guinada neoliberal na região. “Eu acredito que ele tenha uma característica: propõe um Estado mínimo, a desregulação, radicaliza o neoliberalismo que foi implantado antes do período Kirchner, e acredito que aqui irão crescer a desigualdade e a perda de direitos, o que é muito grave e muito similar ao que ocorre no Brasil”, disse Rousseff.
Depois, atendeu ao resto da imprensa numa coletiva. Sem intérprete e com as perguntas previamente definidas, Rousseff opinou sobre as pressões pela renúncia de Temer após a revelação de casos de corrupção que o envolvem e que já provocaram a saída de vários ministros em um semestre.
A realização de eleições indiretas em 2017 “seria um golpe dentro do golpe”, disse a presidenta destituída, que comparou a atual situação regional com o cenário político que o Brasil enfrentou quando um golpe militar derrubou João Goulart, em 1964. “Também agora estamos vendo um longo processo de golpes.”
A visita de Rousseff a Buenos Aires coincidiu com a confissão de executivos da empreiteira Odebrecht nos Estados Unidos sobre o pagamento de subornos milionários durante a gestão dela no Brasil e também em outros 11 países da América Latina para obter contratos de obras públicas. A ex-mandatária evitou responder diretamente.
“Vamos diferenciar as coisas. Pode-se combater a corrupção na democracia, o que não é possível é usar [o combate à corrupção] de forma incorreta, porque aí se está interferindo na Justiça, no direito à defesa e nas bases e princípios que sustentam a relação jurídico-política. Todos somos iguais perante a lei, e quem acusa tem que provar. A pessoa não pode chegar no Ministério Público e dizer: ‘Não tenho nenhuma prova, mas tenho uma convicção’. Não estamos na Idade Média. Hoje é necessário que se prove a culpa, e isso vale para mim, para você e para os cidadãos de cada país.”
Sobre sua gestão, Rousseff não teve dúvidas: “Tiramos 36 milhões de pessoas da pobreza e levamos 40 milhões para a classe média. Obviamente não é um processo corriqueiro, e não estou dizendo que a América Latina e o Brasil resolveram os problemas de desigualdade. Digo que em um continente tão desigual nós demos um pequeno passo”.
Fonte: MSN