Dengue soma 876 casos e Prefeitura estuda pulverização com veículo
Em plena pandemia de Covid-19, Marília registra 876 casos de dengue e já vive situação de epidemia da doença provocada pelo Aedes aegypti. A cidade tem um óbito sob investigação e uma morte já foi conformada pela doença. Em função do risco, a Prefeitura estuda o uso de inseticida por pulverização, utilizando um veículo, o popular ‘fumacê’.
O secretário municipal da Saúde, Cássio Luiz Pinto Júnior, revelou a possibilidade, mas afirmou que ainda está sendo feito levantamento de áreas com indicação e número de veículos e máquinas necessários. A medida também precisa ser alinhada com a Superintendência de Controle de Endemias – Sucen.
Esse tipo de recurso foi usado, pela última vez, em 2014. A medida enfrenta forte resistência de parte dos especialistas, que consideram os riscos de intoxicação, e perigo para animais domésticos, além de “gerar resistência nos insetos”.
O controle de dengue tornou-se ainda mais estratégico, uma vez que a combinação entre a doença e o novo coronavírus pode ser fatal. Em Tupã – distante 75 quilômetros de Marília – uma mulher hipertensa morreu ao contrair as duas enfermidades, ao mesmo tempo.
Em Marília, a epidemia da doença provocada pelo Aedes está próxima, mas ainda atrás da propagação do ano passado, nessa mesma época do ano. Pelo menos é o que permitem analisar os dados divulgados. A fila de exames está em cerca de 400 casos suspeitos na cidade.
Até a 17ª semana epidemiológica (SE) de 2019, a cidade havia apurado um total de 1.008 casos confirmados de dengue. No ano passado, a doença fez um total de 2.957 vítimas em Marília, conforme números do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo.
A preocupação das autoridades de saúde com a questão pode ser observada nos informes da Prefeitura. Somente nesta semana, foram dois comunicados à imprensa – quinta e sexta-feira, pedindo para que a população colabore.
Nebulização
Na quinta-feira (22), ao revelar o número de casos à imprensa, a Prefeitura reforçou o alerta para que os moradores vistoriem os quintais, em busca de focos do mosquito Aedes aegypti. Para evitar a reprodução do mosquito, é preciso eliminar a água parada.
No informe, a Secretaria de Saúde reiterou que realiza a nebulização (equipamento costal) nas áreas de ocorrência de casos positivos, mas ressalva que “existe uma limitação para isso”. Os protocolos não recomendam o uso de veneno indiscriminado e reforçam a importância da remoção manual de criadouros.
Já na sexta-feira (24) a prefeitura anunciou reunião com técnicos da Secretaria Municipal da Saúde e a Sucen. Na pauta com o órgão do governo do Estado, discussões sobre ampliação do uso de inseticida.
Sem descrever medidas efetivas ou mudanças no plano de combate, o município afirmou que discutiu a “ampliação do uso de inseticida espacial”. Na prática, a cidade passaria a adotar nova estratégia, com possibilidade de pulverização mais ampla, em áreas com casos positivos.
O município anunciou também aumento de campanhas de informação à população e estudo de medidas, para reduzir a recusa dos moradores às tentativas de abordagem dos agentes de saúde nos domicílios.