Dengue: População faz protesto contra prefeito e vereadores
Ontem (23), cerca de 80 pessoas ocuparam a galeria da Câmara Municipal durante a sessão ordinária para protestar contra a epidemia de dengue na cidade.
Organizada por meio do evento criado em uma rede social, “SR. Pref. Vinicius Camarinha: não queremos outro show sertanejo, queremos o fim da epidemia de dengue em nossa cidade!”, a manifestação teve início às 17h na Praça Saturnino de Britto. Por volta das 18h, o grupo seguiu para o prédio do Legislativo gritando “chega de farra, de show sertanejo, acabar com a dengue é o que eu desejo”.
Ao ocupar a galeria, os manifestantes pediram a palavra ao Presidente da Câmara, Herval Rosa Seabra. O vereador informou que já havia sido aprovado requerimento do vereador Cícero do Ceasa solicitando a formação de comissão de vereadores para discussão do assunto, porém a população se recusou a deixar o plenário. Por causa das fortes vaias, a sessão teve que ser interrompida.
Devido a grande revolta da população, o vereador Wilson Damasceno pediu ao Presidente Herval para que um representante do povo pudesse usar a tribuna por dez minutos para expor as reivindicações.
Com o consentimento, a organizadora da manifestação, Gabriela Angélico, disse que os vereadores também são responsáveis pela epidemia de dengue, pois sabiam do relatório da SUCEN (Superintendência de Controle de Endemias) alertando a Prefeitura sobre a necessidade da Secretaria Municipal da Saúde reformular as ações de controle da doença. O aviso foi feito em janeiro de 2014 e mencionado recentemente ao Ministério Público nas declarações do serviço sobre o combate à epidemia.
“O Poder Público sabia que a cidade possuía muitos focos de mosquitos da dengue, mas não tomou providências. E, para piorar, os verdadeiros dados sobre a quantidade de pessoas doentes não são revelados. Sabemos, por meio de pessoas que trabalham na saúde, que Marília já tem mais de 80 mil pessoas com dengue. Por isso, vale lembrar que tanto o prefeito quanto os vereadores têm responsabilidade civil e criminal, pois foram registradas várias mortes. Não queremos a realização de um show sertanejo, queremos que o dinheiro público seja investido em ações efetivas para conter a proliferação da doença”, disse Gabriela Angélico.
Após a fala da organizadora do protesto, o vereador Herval insistiu na formação de uma comissão, porém, mais uma vez, os presentes afirmaram que o debate deveria ser feito no próprio plenário. A população reivindicou fortemente a tomada de providências e citou casos de focos de dengue na cidade que precisam ser combatidos. Algumas pessoas chegaram a discutir com vereadores.
Com a retomada da sessão, Herval informou que a Prefeitura está realizando um mutirão da limpeza, além de espalhar veneno pela cidade. Inconformados, os populares deixaram o plenário.
Relatório da SUCEN – No ano passado, a Superintendência de Controle de Endemias informou a Prefeitura sobre a necessidade de tomar medidas para erradicar os focos de mosquitos da dengue. Segundo o serviço, o último índice de Breteau (índice larvário do mosquito transmissor) de Marília é de 5,7. Isso significa 5,7 criadouros do Aedes aegypti para cada cem imóveis vistoriados. O Ministério da Saúde entende como tolerável índice de até 1%. De 1 a 3,9 a situação já é de alerta e superior a 4 é encarada como preocupante por indicar risco epidêmico. De 16 de novembro a 5 de dezembro foi feita uma nebulização de inseticida em Marília, com aplicação de 2.564 litros do veneno. Porém, a medida não se repetiu mais nem nos bairros com novos casos em 2015.
Fonte: Matra