Decisões da Justiça em Marília colocam mulheres em risco
Dois casos de violência doméstica registrados esta semana chocaram os marilienses. A revolta da população se deu tanto pelo nível de hostilidade dos agressores, quanto pelas decisões dos juízes em conceder liberdade provisória aos acusados no dia seguinte em audiências de custódia no Fórum de Marília.
O marido ciumento e o filho alcoólatra. Esse são os perfis e as motivações dos agressores de acordo com as ocorrências registradas na polícia. Segundo familiares, as vítimas permanecem inseguras e isoladas com medo de novas agressões, agora mais violentas.
Sem trabalhar e em estado choque, o Marília Notícia entrevistou a mulher de 23 anos que foi espancada pelo marido, Demilson Souza Pires, de 35 anos, em um apartamento do CDHU, zona Sul da cidade.
A mulher foi agredida com socos e chutes no rosto e o agressor também ameaçou mata-la caso voltasse para casa ou procurasse os filhos de 2 e 3 anos. Ainda segundo a polícia, o auxiliar de produção chegou a fraturar a própria mão devido a força utilizada nos golpes contra a vítima.
Longe de casa, ela permanece escondida e, nem ao menos sai na rua, com medo de encontrar Demilson.
“Eu tenho que trabalhar. Não posso ficar parada e escondida assim. Nem minhas coisas eu fui buscar ainda. Eu estou com medo. Ele só não me matou por conta dos meus filhos”.
Mesmo com as medidas protetivas expedidas pela Justiça, a mulher não consegue se sentir em segurança.
“O que garante que ele não vai me agredir novamente? E se dessa vez for pior? Enquanto ele estiver na rua eu não vou me sentir segura”.
Após uma audiência de custódia realizada na quinta-feira (4) no Fórum de Marília, uma juíza concedeu liberdade provisória para o acusado, mas com medidas restritivas previstas na Lei Maria da Penha.
Para a vítima, a Justiça é falha e não supre as necessidades das vítimas, principalmente não penalizando os agressores com o rigor necessário para garantir proteção às mulheres vítimas de violência.
Mãe espancada pelo filho no dia do aniversário
No outro caso, uma idosa de 73 anos fez aniversário no dia em que foi agredida pelo filho de 50 anos, o desempregado Benedito Martins Sobrinho, também na quarta-feira em residência localizado no bairro Nova Marília, zona Sul.
Desanimada, a vítima permanece praticamente acamada, sem sair do quarto e com insegurança do que ainda pode acontecer. Segundo familiares, não foi a primeira vez que Sobrinho agrediu a mãe.
Ele seria alcoólatra com alto grau de dependência. O histórico do acusado é de violência e agressões psicológicas e físicas contra a idosa.
Após fraturar o nariz da vítima, o homem foi preso em flagrante por policiais militares. Um dia depois, também em audiência de custódia, o juiz José Augusto Franca Junior concedeu liberdade provisória para Benedito, que já tinha passagem por furto.
Revoltados com a decisão do juiz, os familiares questionaram se é preciso matar a idosa para que o acusado continue preso.
“Eu não sei como meu irmão está em liberdade. O que é preciso fazer para que eu consiga garantir segurança para minha mãe? Eu preciso mandar as fotos dos machucados da minha mãe para casa do juiz?!”, comenta o filho mais jovem da idosa, Paulo Martins, de 30 anos.