Custos de produção elevam o preço do leite e derivados
A menor produção de leite – em todo o país – tem pressionado o preço do produto e derivados nos supermercados. Os custos elevados de produção têm reduzido o potencial de recuperação da oferta, mesmo diante do aumento dos preços pagos ao produtor. Com isso, fica cada vez mais difícil para o consumidor colocar o nutriente na mesa.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, a valorização de leite no campo ocorre devido à menor oferta, que tem intensificado a concorrência entre as indústrias de laticínios para assegurar a captação de matéria-prima. A menor produção de leite, por sua vez, é explicada pelos elevados custos de produção e pela diminuição dos investimentos ao longo dos últimos meses.
O preço do leite captado em abril/22 e pago aos produtores em maio/22 subiu 4,8% frente ao mês anterior, chegando a R$ 2,5444/litro na “Média Brasil” líquida. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve aumento de 12,4%, em termos reais. Desse modo, desde janeiro, o leite no campo acumula avanço real de 15%.
Mesmo com os gastos recuando ligeiramente devido às recentes desvalorizações da soja e do milho, o desembolso do produtor com a alimentação do rebanho segue elevado. É que o período do ano, frio e seco, traz algumas consequências para o gado leiteiro. Com as chuvas menos intensas, o pasto fica seco e o produtor precisa de mais ração para alimentação das vacas. Isso eleva o custo da criação.
De acordo com pecuarista José Luiz Tavares, que tem criação de gado leiteiro em Marília, outro problema é o frio desta época do ano. O clima faz cair a temperatura da água e afeta o consumo das vacas.
“As vacas bebem menos água no frio, pois gostam dela na temperatura aproximada de 37 graus. Bebendo menos água, produzem menos leite. Para esquentar a água e tentar manter a produtividade, o criador tem custos maiores e isso também ajuda a elevar o preço final”, explica o pecuarista.
Além disso, outros insumos valorizaram, como combustíveis, medicamentos e suplementação mineral. Com isso, a margem do produtor de leite seguiu pressionada neste primeiro quadrimestre do ano.
Segundo o Cepea, também é preciso pontuar que a queda nas importações e o forte crescimento nas exportações em abril também reforçaram a competição entre os laticínios para a captação de matéria-prima.
De acordo com a pesquisa do Cepea/OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), na negociação entre laticínios e canais de distribuição do Estado de São Paulo, os preços médios mensais do leite UHT e da muçarela avançaram mais de 12% de março para abril e os do leite em pó, quase 7%.