Cresce o número de multas de trânsito por falta de óculos em Marília
Marília registrou um crescimento no número de multas por falta do uso de óculos no trânsito nos últimos anos. Dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), analisados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), também revelaram um aumento no número de motoristas com restrições na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), que precisam usar óculos ou lentes de contato para dirigir.
Segundo o Senatran, até 2014 eram 14,4 milhões de CNHs em todo o Brasil que registravam a exigência de que seus portadores conduzissem veículos obrigatoriamente com o uso de óculos ou lentes de grau. Nesse grupo, também constavam aqueles com restrição para dirigir após o pôr do sol e os que tinham anotação de visão monocular.
Em 2024, esse total já alcança os 25,4 milhões – um aumento de 77%. No mesmo período, o crescimento no número total de condutores habilitados foi de 33%. Atualmente, as restrições visuais respondem por 91% de todas as anotações aplicadas às 27,9 milhões de CNHs emitidas no Brasil.
Dados apurados pelo Marília Notícia junto ao Detran-SP mostram que foram aplicadas uma multa em 2015, três em 2016, duas em 2017, nenhuma em 2018, quatro em 2019, duas em 2020, três em 2021, 77 em 2022 e 28 em 2023.
Se o motorista não estiver usando óculos ou lentes corretivas ao dirigir, é possível a autuação. A infração é gravíssima, com multa de R$ 293,47 e acréscimo de sete pontos no prontuário do condutor. Além disso, o veículo é retido até que o condutor coloque os óculos ou lentes, ou outro condutor habilitado se apresente para dirigir.
Na avaliação do CBO, diversos fatores contribuem para a crescente demanda por cuidados oculares para os motoristas. O envelhecimento da população, a exposição prolongada às telas de celulares e computadores, o aumento da incidência de doenças crônicas (diabetes, hipertensão, estresse) e os maus hábitos de vida (alimentação inadequada, sedentarismo, obesidade) contribuem para o surgimento de problemas de saúde relacionados à visão. Esses elementos enfatizam a importância da prevenção e do diagnóstico precoce de doenças oculares.
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia também analisou os tipos de anotações relacionadas à visão presentes nas CNHs dos motoristas brasileiros. Entre as mais frequentes, se destacam, a obrigatoriedade do uso de lentes corretivas, com cerca de 25 milhões de motoristas, seguida das restrições associadas à visão monocular, com 351 mil casos. Em terceiro lugar, com 152,1 mil casos, estão os condutores impedidos de dirigir após o pôr do sol.
O pedido de inclusão de anotações na CNH é feito pelo médico do tráfego ao final da avaliação prévia exigida para a concessão ou renovação da CNH. No exame, o especialista analisa as condições do candidato de conduzir um veículo, sem oferecer perigo para outros motoristas, passageiros e pedestres.
Entre outras aptidões físicas, são analisadas a acuidade visual, o campo de visão, a capacidade do candidato de enxergar à noite e reagir prontamente – com resposta rápida e segura – ao ofuscamento provocado pelos faróis dos demais veículos; e a capacidade de reconhecer as luzes e sua posição dos semáforos.
De acordo com Wilma Lelis, a presidente do CBO, ao identificar a existência ou sintoma de deficiência de visão, o médico do tráfego orienta a busca por uma avaliação especializada, que ser feita por um oftalmologista, para que seja feito o diagnóstico exato do problema e a respectiva prescrição do tratamento.
“Os oftalmologistas desempenham um papel crucial nesse processo, pois são eles que realizam a avaliação detalhada e fornecem o diagnóstico preciso e o tratamento necessário. A atuação dos oftalmologistas garante que apenas condutores com a visão adequada, ou com as devidas correções, estejam nas estradas, promovendo segurança de todos”, conclui a presidente.
Faça parte do nosso grupo de WhatsApp. Entre aqui!