Cresce custo da construção no Estado e Marília acompanha alta
Avaliado pelos profissionais da área em torno de R$ 1,9 mil, o custo do metro quadrado da construção civil em Marília acompanha tendência de alta no Estado de São Paulo. No município, aliás, há quem diga que o preço médio possa superar o valor de mercado praticado no resto do território estadual.
Dados do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi) do IBGE apontam que o valor do m² no Estado foi avaliado em R$ 1.615,19 em janeiro deste ano. O índice já é 16,8% maior que o mesmo período do ano passado, e os valores incluem os custos com material e mão de obra, sem considerar gastos com terreno e outras taxas.
Em Marília, a realidade acompanha o resto Estado, mas especialistas ouvidos pela reportagem do Marília Notícia indicam preço médio 17,6% maior, no comparativo com as outras regiões de São Paulo.
A arquiteta Mary Motta, por exemplo, explica que é muito difícil uma casa de padrão popular custar menos que R$ 1,9 mil o metro quadrado. Em imóvel de padrão médio, segundo a profissional, o custo chega a R$ 3 mil por m².
A alternativa para os altos preços seria cotar e buscar materiais fora da cidade. “Ferro mesmo, por exemplo, compro em Penápolis, é mais barato. Mesmo assim o ferro tinha tido uma alta de 80%. Neste ano, já regrediu. Se calcular a alta acumulada atinge tranquilamente 60%. Tudo subiu areia, bloco, pedra. Eu coto muito fora de Marília e a gente tem comprado tudo fora. Fazemos pesquisa e compramos de outra cidade porque acaba ficando indo mais barato”, conta.
A profissional atrela a alta do dólar com a elevação dos preços e acredita que o momento agora é de estabilidade, apesar do aquecimento do mercado.
“O mercado tende a ficar aquecido apesar da alta nos preços, pois existe a facilidade de financiamento, por exemplo. A gente anda pela cidade trombando com obra. Acho que os preços estão caminhando para uma estabilidade, diminuir vai ser muito difícil”, avalia.
O subgerente de uma loja de materiais para o setor Ivo Herrera Júnior, por outro lado, analisa acredita em custo maior. A média do m² quadrado para construção, segundo ele, pode ultrapassar os R$ 3 mil.
“R$ 1,6 mil é uma casa bem simples, com acabamento super básico. Uma casa em um condomínio vai se gastar de R$ 2,5 mil a R$ 3,5 mil dependendo do acabamento”, relata.
O subgerente aponta a pandemia, o dólar e a falta de matéria-prima como causas dos altos preços.
“Aumentou tudo. Com a pandemia, as pessoas começaram a ficar em casa e ver realmente o que o imóvel precisava. No começo aumentou demanda, faltou mercadoria. Os produtos estão subindo aos poucos. Acabamento, por exemplo, todo mês sofre reajuste. Parte de material básico [areia, pedra, cimento] deu uma igualada e não está mais subindo de preço. O dólar também interfere muito e [o valor da] matéria-prima, haja vista que várias estão em falta”, explica.
Júnior também pontua que o mercado está aquecido. “É só darmos uma volta na cidade que vemos várias obras. Isso não vai parar por um bom tempo, vai continuar”.
Segundo o subgerente, no atual momento, quem tem algum dinheiro guardado tem optado por investir em imóvel, e não mais deixado em bancos que rendem pouco.
“A pessoa acaba investindo em imóvel para fazer o dinheiro girar”, finaliza.