Creche da Famema anuncia o fim de 84 vagas para filhos de funcionários
Após sua reabertura, quando houver autorização pelo controle da pandemia do coronavírus, o Centro de Convivência Infantil (CCI), conhecido como “O Castelinho” – que funciona como creche para filhos de funcionários do Complexo Famema (Faculdade de Medicina de Marília) deixará de atender 84 crianças e ficar com apenas 14.
A medida deve afetar os funcionários contratados pela Fundação de Apoio à Faculdade de Medicina de Marília (Famar) e o Hospital das Clínicas.
A creche atenderá apenas os filhos de funcionários da Fumes (Fundação Municipal de Ensino Superior de Marília), que atualmente representam apenas 14% das crianças matriculadas.
A Famar informou que ao invés de ofertar as vagas, pagará o benefício auxílio creche de R$ 62,93 aos seus colaboradores. O valor é calculado, conforme a legislação, em 5% do valor do menor salário pago pela empregadora.
Em nota, a instituição argumentou que conta com 1,6 mil profissionais em seu quadro. Mas apenas 84 dependentes (filhos) de empregados da Famar são atendidos pela creche.
“Ou seja, a creche comporta atendimento direto de apenas 34% dos empregados que tem o direito ao benefício. Visando abarcar a totalidade dos empregados da Famar, a Diretoria Executiva atual se socorreu das normas coletivas firmadas com o sindicado de seus empregados, que prevê a possibilidade de substituição da creche em ajuda creche”, informou a nota.
A Famar informou ainda que os profissionais que atualmente prestam serviços ao CCI serão remanejados para outras funções que se fazem necessárias no HC/Famema. Disse ainda que “tem a intenção de formalizar convênio com o município para a disponibilização de vagas nas creches municipais, em favor de seus empregados”.
A nota tem ainda um recado ao Chefe do Executivo. A instituição diz que “desde já solicita o apoio das autoridades locais”.
Fontes do Marília Notícia relataram uma reunião na última quinta-feira (18), em que foi anunciado o corte de vagas. Na oportunidade, a direção da Famar teria alegado outro motivo.
A primeira justificativa seria a “preocupação com eventual prática de irregularidade administrava, por financiar a creche no atual formato, com recursos que estariam vinculados diretamente à assistência aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Incertezas
Profissionais de saúde – que inclusive estão na linha de frente da pandemia – receberam a notícia com preocupação. É o caso de uma técnica de enfermagem que trabalha no Complexo e falou ao MN.
Ela tem uma filha de três anos e preferiu preservar sua identidade. “O que a gente vai fazer com esse dinheiro? Não tem nem como a gente colocar [as crianças] na rede municipal porque as escolas abrem às 8h e nós entramos às 7h”, disse a funcionária.
As manifestações são de revolta. “A gente trabalha com vida. São 62 municípios. Como vamos atender bem esses pacientes, se os nossos filhos não estão bem, não têm onde ficar?”, questiona a mãe ouvida pelo MN.
Ela conta que em tempos de pandemia, sem creche, as funcionárias estão se ajudando. “Minha menina fica com uma colega que trabalha em horário diferente. Mas quando acabar a pandemia, ela não vai poder mais, daí eu não sei o que fazer”, lamenta.