CPI prepara força-tarefa para cercar alvos da JBS
Com mais de cem pedidos de informações ou compartilhamento de dados já apresentados, a CPI mista da JBS tem buscado ajuda para conseguir analisar relatórios, planilhas e demais documentos remetidos aos parlamentares. As primeiras respostas a estes pedidos começaram a chegar na semana passada e uma nova leva está prevista para os próximos dias.
Dos 259 requerimentos já feitos em pouco mais de um mês de trabalho, 106 (41%) são pedidos de informações ou transferência de dados sigilosos. Destes, 59 já foram aprovados, mas apenas 18 tiveram resposta até a quarta-feira passada.
Os pedidos vão desde o compartilhamento das investigações feitas em ao menos cinco operações da Polícia Federal contra o Grupo J&F ao registro de entrada do ex-procurador Marcello Miller na sede do escritório Trench, Rossi e Watanabe, onde ele foi trabalhar após deixar a Procuradoria-Geral da República. Miller é suspeito de “jogo duplo” na negociação do acordo de delação do grupo.
A ideia dos integrantes da comissão é aguardar a chegada dos dados antes de marcar o depoimento de envolvidos no acordo de delação da J&F. “Até para termos subsídios para questionar quem for convocado, vamos deixar para ouvir os principais personagens depois que estes dados chegarem”, afirmou o deputado Delegado Francischini (SD-PR), sub-relator da área de contratos da CPI.
Entre os principais personagens citados pelo deputado estão o próprio Miller, pivô da quebra do acordo de executivos com o Ministério Público Federal, e os irmãos delatores Joesley e Wesley Batista. Os requerimentos para convocá-los já foram aprovados, mas os depoimentos não foram agendados.
Para dar conta do volume de informações, o relator da CPI, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), chegou a solicitar que o Senado comprasse um software especializado em cruzamento de dados semelhante ao usado pela PF. Mas, segundo a assessoria do Senado, a área de tecnologia de informação da Casa já possui um programa de business intelligence que será configurado para auxiliar as análises dos parlamentares.
Outros dois programas já usados em CPIs passadas poderão ajudar deputados e senadores a acessar os arquivos. Para ter acesso, é necessário um cadastro prévio e a assinatura de um termo de confidencialidade e sigilo. Dos 51 integrantes da comissão, apenas oito haviam indicado um auxiliar para acessar os dados até a quarta-feira.
Ajuda externa
A CPI mista também pediu ajuda a outros órgãos. Requerimentos aprovados há mais de 20 dias pedem que o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) coloquem dois servidores à disposição da comissão para ajudar nos trabalhos. O mesmo pedido foi feito à PF, que deve indicar dois delegados.
Até a semana passada, porém, nenhum dos órgãos havia respondido. O presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), se reuniu na quarta-feira com representantes da PF. Procurado pela reportagem, porém, Ataídes não respondeu aos contatos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.