Cotado para vice de Lula em 2022, Alckmin deixa o PSDB
O ex-governador Geraldo Alckmin entregou sua carta de desfiliação ao diretório municipal do PSDB nesta quarta-feira, 15. Ele ajudou a fundar o partido e era um de seus principais quadros, após 33 anos no ninho tucano. Alckmin dá, assim, mais um passo para definir seu futuro político. As negociações caminham para que ele seja candidato a vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto, nas eleições de 2022. O Estadão apurou que essa possibilidade é dada como praticamente certa por interlocutores dos dois lados.
O agora ex-tucano, no entanto, só deve definir um novo partido e, consequentemente, avançar nas discussões sobre seu papel nas eleições no início do ano que vem. O plano A é mesmo o de assumir a vice na chapa petista, filiado ao PSB ou pelo Solidariedade. Caso as tratativas emperrem, porém, ele pode disputar novamente o Palácio dos Bandeirantes, só que pelo PSD do ex-ministro Gilberto Kassab.
“É um novo tempo! É tempo de mudança! Nesses mais de 33 anos e meio de trajetória no PSDB procurei dar o melhor de mim. Um soldado sempre pronto para combater o bom combate com entusiasmo e lealdade. Agora, chegou a hora da despedida. Hora de traçar um novo caminho”, escreveu Alckmin em suas mídias sociais ao anunciar a decisão de deixar a legenda. “Valeu cada obstáculo vencido, cada momento vivido, cada conquista feita. Em breve, anunciarei meus próximos passos.”
Um sinal de que as conversas entre Lula e Alckmin avançaram deve ser dado no próximo domingo, 19, quando os dois podem aparecer, juntos, em jantar organizado pelo grupo Prerrogativas. O grupo de advogados antilavajatistas organizou um concorrido jantar de confraternização no restaurante Figueira Rubayat, em São Paulo.
Com longa trajetória política, Alckmin já foi governador do Estado por quatro vezes, vice-governador, deputado federal, estadual, prefeito de Pindamonhangaba e vereador. Foi candidato à Presidência por duas vezes: em 2006, quando foi derrotado no segundo turno por Lula, de quem hoje se aproxima, e em 2018, quando amargou o quarto lugar e não fez nem 5% dos votos.
Doria
Os desentendimentos com o PSDB começaram após divergências com o governador de São Paulo, João Doria, que foi seu afilhado político. A relação começou a estremecer ainda em 2018, quando o hoje governador passou a defender o “BolsoDoria” em detrimento do voto em Alckmin. Cada vez mais sem espaço no partido, ele encarou os últimos movimentos de Doria como traição, sobretudo após o tucano escolher o vice-governador Rodrigo Garcia (que migrou do DEM para o PSDB) como seu candidato ao Palácio do Bandeirantes em 2022. Essa decisão e a vitória de Doria nas prévias do PSDB foram a gota d’água para o ex-governador deixar a sigla que ajudou a fundar.
Em entrevista à TV Tribuna de Santos, em agosto, ele admitiu publicamente, pela primeira vez, o interesse em deixar o PSDB com o objetivo de disputar o governo do Estado, uma vez que o partido já sinalizava confirmar Garcia, como representante tucano.
Em entrevista para a rádio Gaúcha FM, em novembro, Lula fez elogios e não descartou a hipótese de ter Alckmin na vice de sua chapa presidencial.