Coronavírus pode atrasar lançamento de iPhone em 2020
Todos os anos, um novo modelo de iPhone é anunciado em setembro pela Apple. Para isso acontecer, porém, o trabalho se inicia meses antes. Mas em 2020 pode ser diferente: as restrições de viagem para a China por conta do coronavírus podem atrasar o ciclo perfeito da produção do smartphone da companhia de Tim Cook, relataram ex-funcionários e especialistas em cadeia de suprimentos à agência de notícias Reuters.
A fabricação do iPhone normalmente começa só no meio do ano, mas os primeiros meses da temporada são cruciais: é quando os engenheiros da Apple vão até as fábricas na China para acertar os detalhes da produção do aparelho com fabricantes como a Foxconn, disseram dois ex-empregados da Apple.
O período do primeiro bimestre é todo dedicado a transformar protótipos em algo que pode ser fabricado aos milhões. Se ocorrerem atrasos, a Apple pode ter problemas para pedir chips e outros componentes, que são quase todos feitos sob medida para o iPhone. “Como os volumes são muito grandes, eles precisam pedir os componentes a tempo para a linha de produção não atrasar”, disse Ron Keith, fundador da Supply Chain Resources Group.
Entre março e abril, os engenheiros da Apple trabalham com a Foxconn para montar as linhas de produção e fazerem testes. A ideia é que a montagem de verdade comece em junho, para ganhar tração nos meses seguintes.
“Eles provavelmente têm uma linha de montagem dedicada só para tentar coisas novas”, disse um dos empregados. “Se os engenheiros da Apple estão com os da Foxconn, eles estão fazendo progresso. Mas se estiverem em quarentena, isso pode ser bem ruim.”
A Apple utiliza outras fabricantes além da Foxconn, mas segundo especialistas, os testes para um novo iPhone sempre acontecem com a taiwanesa porque sua linha de montagem é a mais avançada atualmente. Maior fabricante de eletrônicos do mundo para marcas terceiras, a Foxconn adiou a reabertura de suas fábricas após o Ano Novo Lunar e espera que consiga retomar metade de sua produção na China até o fim de fevereiro. Tanto a Apple como a Foxconn se negaram a comentar o assunto.
Na semana passada, a Apple avisou investidores de que era “improvável” que a empresa conseguisse manter suas metas de receita para o primeiro trimestre de 2020. Em comunicado, a companhia disse ainda que o suprimento global de iPhones poderia ser limitado por conta das fábricas fechadas na China. A Foxconn também disse no começo do mês que o vírus poderia reduzir suas receitas no período.
Enquanto especialistas afirmam que a Apple ainda tem tempo para colocar a produção do iPhone no prazo, as restrições de viagem complicam cada vez mais a situação.
Anna-Katrina Shedletstky, ex-engenheira da Apple, disse que a colaboração “em solo” é crítica para novos produtos. “É possível burlar as restrições de viagem e levar os engenheiros para qualquer lugar do mundo, mas também é preciso pensar sobre o conhecimento que se gera sobre o produto ao pensar nele em seu ambiente. É algo que até pode ser ensinado, mas é difícil de fazer.”
“Não há trabalho cara a cara sendo feito agora”, disse um executivo de uma companhia de semicondutores que fornece equipamentos para empresas de smartphones e trabalha com times na China, falando sobre os ciclos de produção de celulares. “E o que se diz é que isso não vai mudar em pelo menos um mês. Já são dois meses parados,