Conta de energia já passa dos R$ 200 nas camadas mais populares
A chegada das primeiras faturas com a bandeira tarifária ultravermelha – batizada pelo governo como “bandeira escassez hídrica” – gerou indignação em consumidores populares de energia em Marília.
Quem tem baixa renda, mas não está cadastrado em programa social para redução tarifária, não sabe o que fazer. Foi o caso da auxiliar de limpeza Driele Sabrina da Silva, que mora no Maracá com as filhas.
“Não tenho condições de pagar uma conta dessa e ainda todas as outras despesas do mês. Fiquei indignada porque subiu de repente”, relatou ao Marília Notícia.
ENTENDA O AUMENTO
A auxiliar de limpeza, exemplo de trabalho e determinação, viu a conta de energia aumentar, entre os vencimentos de julho e outubro, de R$ 85 para R$ 260.
Houve aumento de consumo – no caso de Driele – de 110 kw/h (quilowatts/hora), o que não explica a grande diferença de valor.
Há três meses a auxiliar de limpeza pagou R$ 0,36 em cada kwh consumido. Já na nova fatura, terá que pagar R$ 0,42, um amento de 16%.
Além disso, agora a consumidora – como os demais – está submetida a “bandeira escassez hídrica”, a terceira de uma série de bandeiras na cor vermelha, que indica custo mais levado para a produção de energia no país.
O sistema tarifário excepcional no Brasil chegou nesse patamar a partir de 1 de setembro. Até então, os brasileiros estavam sendo onerados com um adicional de R$ 9,49 a cada 100 kw/h consumidos.
A nova bandeira passou a impor R$ R$ 14,20 para cada 100 kw/h gastos. Na conta de Driele, que ultrapassou os 200 kw/h mensais, são quase R$ 30 a mais só de encargo emergencial, um dinheiro que antes ela poderia gastar com alimentos, por exemplo.
ENERGIA CARA
Quem tenta escapar da crise trabalhando em casa, mas usa equipamentos com elevado consumo de energia, sente o peso do sistema de bandeiras.
Foi o caso da microempreendedora Simone Ligeiro, que junto com o marido produz bolos, pães e salgados.
“Minha conta passou de R$ 419 para R$ 501, em um mês, sem aumentar [carga instalada] nada. O que temos, que puxa mais energia, são as duas geladeiras e a fritadeira, que nem estou usando todos os dias. Há uns dois meses pagava de R$ 350 a R$ 380”, conta.
Queixa constante dos empresários, o custo Brasil não perdoa nem quem tenta improvisar e produzir em casa. O aumento da energia ameaça famílias como a de Driele. O sistema tarifário, que não diferencia consumidores, penaliza principalmente os menores e desestimula o empreendedorismo.
Vale lembrar que todos os aumentos citados na reportagem – em função da evolução das bandeiras tarifárias – ocorreram depois do reajuste tarifário anual (RTA), que foi aplicado aos clientes da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) em abril desse ano.
A tarifa teve aumento médio de 8,64% para os clientes do grupo B, conectados na baixa tensão (residências, indústrias e comércios de pequeno porte) e um aumento médio de 9,60% para os consumidores ligados à alta tensão (indústrias e comércios de grande porte).