Novo prédio da Câmara gera ‘bate-boca’ entre Rezende e Féfin
Sessão em que a Câmara de Marília aprovou o parcelamento de dívida acumulada da Prefeitura com o Instituto de Previdência do Município de Marília (Ipremm), na noite desta segunda-feira (22), foi marcada por assunto paralelo à pauta.
Um bate-boca entre os vereadores Marcos Rezende (PSD), presidente da Casa, e Junior Féfin (PSL) durou mais de dois minutos.
O motivo foi a divergência sobre a construção de novo prédio para a Câmara. O agente federal pediu a retirada do edital, disse não ter sido consultado e classificou de ‘poder exacerbado’ a autonomia que o presidente tem para propor e avançar na empreitada da nova sede.
Féfin já tinha usado suas redes sociais para se posicionar, mas aproveitou o tempo no pequeno expediente – período em que cada vereador pode usar a tribuna para assuntos livres – e cobrou Rezende. Projeto do novo edifício está previsto na modalidade ‘built to suit’ (construído para servir).
“Total dessa obra, depois de 20 anos, pode passar de R$ 50 milhões de reais. Só fazer um cálculo simples de padaria”, criticou Féfin, ao destacar o reajuste anual pelo Índice Geral de Preços de Mercado (IGPM) e prever gastos superiores a R$ 200 mil por mês com a locação.
“Eu sou um vereador que não fui consultado. É uma decisão equivocada do Regimento dar esse poder exacerbado ao presidente da Câmara. É importante que os demais vereadores se manifestem”, convocou.
Rezende, antes do iniciar a votação de projetos, investiu em uma fala contundente em defesa de sua biografia e da necessidade da medida. Ele subiu o tom e chamou Féfin para o embate, ao mencionar suposto valor de salário do agente federal.
“Esse Poder (Legislativo) não pode ser colocado na sarjeta. Não podemos falar mal do Poder Legislativo, nós estamos trabalhando muito aqui. Eu trabalho diuturnamente e não ganho R$ 20 mil reais por mês não”, provocou.
“Nós temos que falar a verdade. Ganha-se R$ 20 mil reais e vem falar para o povo que ganha R$ 5 mil, mentindo na cara dura para o povo dessa cidade”, acusou. “Quem está mentindo?”, questionou o agente federal.
“Eu não estou falando do senhor… Eu não tô falando para o senhor. Serviu para o senhor? Serviu para o senhor? Se serviu para o senhor, a carapuça é do senhor”, disparou o presidente da Casa, que continuou. “O senhor está cansado de enganar o povo, o senhor vai enganar o povo em outro lugar. Aqui não!”
Rezende chamou o agente federal de “mentiroso” pelo menos dez vezes, em referência ao fato do servidor federal ter aberto mão do subsídio de vereador e mantido o salário de agente federal, em cumprimento a norma da Polícia Federal.
O policial garante que não recebe os dois vencimentos porque abriu mão espontaneamente do provento da Câmara.
“Aqui não. Mentiroso, te chamei de mentiroso e chamo de novo. O senhor não tem a palavra, fica quietinho aí”, ordenou o presidente, sob os protestos (sem microfone) do agente federal.
Para arrematar, Rezende ainda usou expressões como ‘vereador engomadinho’, ‘bombadinho’ e ‘calça apertada’, antes de declarar a discussão encerrada. “Não vem intimidar não”, reagiu Féfin.
Projetos
Por unanimidade, mas com ressalvas e cobranças a administração municipal, o Legislativo aprovou o parcelamento de débito de R$ 37 milhões da Prefeitura com o Ipremm.
Também foi aprovado, em primeira discussão, projeto de lei que regulamenta a responsabilização de empresas por atos contra a administração pública, além de transformação de bairro que havia sido aprovado – inicialmente – como loteamento aberto em condomínio fechado, para beneficiar moradores do Residencial Cascata.
Apenas o vereador Eduardo Nascimento votou contra a proposta.