Comunidade em Marília mantém tradição com ‘Paixão de Cristo’
Espetáculo de fé na releitura da saga de Jesus Cristo, da morte à ressurreição. Com grande engajamento da comunidade, a Paixão de Cristo é representada em um teatro ao ar livre, no Parque do Povo, na zona Sul de Marília. O ano de 2022 marca a 26ª edição do evento. A apresentação começa às 20h desta sexta-feira (15).
Depois da pandemia, com interrupção de dois anos, a emoção de voltar ao palco popular é grande entre os atores e equipe técnica, horas antes do início da apresentação. O trabalho no local começou na semana passada e ajustes são feitos até os minutos finais.
Entregue ao trabalho voluntário e apaixonada pela causa que mistura arte e religião, a ativista social Sandra Farias supervisiona tudo. Ela é líder comunitária no Nova Marília e nos últimos dias divide seu tempo entre o projeto de marmitas solidárias, que acontece o ano todo, e a coordenação do evento.
“A Encenação é feita por pessoas simples, trabalhadoras, que tiram tempo para se dedicar a arte de evangelizar. É trabalho pesado, que envolve preparação de um cenário grande, favorecido pela natureza do lugar”, conta.
Com criatividade, ali mesmo, no Porque do Povo, a comunidade da Paróquia Santa Rita de Cássia recria a Jerusalém do início da era cristã. Os barrancos viram montes, os caminhos na terra erodida viram verdadeiras falésias. A inspiração, conta Sandra, só pode vir de Deus.
Mas mesmo com o ambiente favorável, a comunidade entra com ferragens, madeira, muito material leve como TNT, para misturar o que já existe no ambiente com as necessidades de produzir um efeito visual. As luzes, o som e a emoção dos atores completam o espetáculo.
São mais de 200 pessoas envolvidas, com pelo menos 130 atores, que ajudam a contar como foram os últimos dias de Jesus, homem e Deus, mestre sereno e resiliente, prestes a ser pregado na cruz.
“As pessoas vem não para simplesmente assistir, mas para participar. Para nós, é uma forma de evangelizar através da arte. Dá para testemunhar, de forma simbólica, em algumas horas tudo o que Jesus sofreu por nós, sentir as dores d’Ele. Não tem como não se emocionar”, garante.
A coordenadora lembra que o espetáculo é ecumênico já faz parte do calendário oficial do município. O Poder Público participa com o custeio de parte da estrutura e segurança do local. Em edições anteriores, a Encenação da Paixão de Cristo já recebeu até 12 mil pessoas. “É muita responsabilidade”, constata a voluntária.
E o que dizer da responsabilidade do encarregado de produção Vander Batistoni, de 38 anos. Ele interpreta Deus em forma de homem – que se entregou à morte na cruz para salvar a humanidade. Há onze anos vive o papel do verdadeiro Messias.
“As pessoas estão fragilizadas, sofreram bastante com a pandemia. Vai ser um momento muito especial. Quem vier, vai se emocionar muito”, acredita ‘Jesus’, que segura a emoção para interpretar o Cristo em vigília, mas permite-se chorar de emoção, quando a apresentação acaba.
A emoção vem da certeza de Vander de que não existe ato final, nessa vida terrena, para o espetáculo escrito pelo Pai e vivido pelo Cristo Redentor.
As cenas seguintes desse roteiro, para o jovem cristão, serão vividas na glória da eternidade, com o verdadeiro escritor da grande obra da vida.