Comércio agoniza após 19 dias de restrições severas na região de Marília
É incerto o número de portas, hoje fechadas, que deverão permanecer assim mesmo quando houver autorização para a reabertura. Na fase vermelha e emergencial há 19 dias, Marília vive uma situação alarmante em relação aos setores produtivos. Os pequenos e médios estabelecimentos comerciais estão entre as empresas mais vulneráveis.
Sem movimento nas ruas, algumas lojas até esperam pelos clientes, com a expectativa de vendas na porta. São raros os lojistas que permitem acesso ao interior das empresas. O principal temor é a fiscalização e o risco de multas.
Uma pequena parte dos comerciantes tenta manter normalidade, caso de alguns restaurantes, o que é impossível, sem os clientes. A realidade da pandemia se impõem e provoca um clima de tristeza, sensação de perda, medo e desesperança.
Apesar das restrições da fase vermelha do Plano São Paulo, turbinadas pela fase emergencial, durante várias horas do dia o movimento de veículos pela cidade e no Centro ajuda a explicar o motivo do índice de isolamento social não aumentar.
Os carros, motos e veículos de carga não refletem apenas a atividade dos setores permitidos pelo Plano São Paulo, mas evidencia a realidade: as pessoas interagem, tentam fazer negócios e ganhar o sustento, seja no comércio ou no setor de serviços.
Desabafos online
É na informalidade das redes sociais que as manifestações são mais comuns. À reportagem, declarações são comedidas, anônimas e marcadas pelo constrangimento.
“Qualquer coisa que você fale, parece que piora. As pessoas só julgam. Quem cobra o direito de trabalhar, está sendo tratado como bandido”, reclama um empresário de Marília.
Nos grupos de WhatsApp muitos protestos, vídeos de discursos políticos para reforçar teses, organização de protestos ou tentativas de articular atos públicos e relatos de situações dramáticas vividas pelos empresários.
Há também notícias (conteúdo jornalístico) sobre a pandemia e muitas ‘correntes’ desconexas. O terreno é fértil para fake news e meias verdades sobre o tema.
“Nos criticam sem pensar que atrás tem uma cadeia de suprimentos de agricultores familiares, que fornecem matéria prima, famílias que dependem do negócio funcionando”, desabafa um empresário do setor de gastronomia na cidade.
Desemprego
Em 2020, o comércio foi o setor que mais fechou postos de trabalho formal, com 230 demissões a mais que contratações. Os números são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia.
Somadas as perdas do ano passado e de janeiro deste ano (com mais 65 vagas cortadas), a retração já chega a 295 empregos a menos no setor em Marília.