Avanço da tecnologia faz comerciantes se reinventarem
O avanço da tecnologia ao longo dos anos trouxe oportunidades e facilidades para muitas pessoas. A internet veio com inúmeras possibilidades de novos negócios, mas também fez com que muitos buscassem novas alternativas de trabalho.
Grande parte dos comerciantes se tornaram obsoletos, uma vez que, hoje não se usa mais locadora de vídeo, loja de CD e lan house. Os empresários do ramo tiveram que se reinventar ou fechar as portas pelas mudanças e concorrência desleal.
A Magic Music fez história em Marília. A loja especializada na venda de CD’s chegou a ter quatro unidades na cidade, nos dois shoppings, na rua Quatro de Abril e na rua Carlos Gomes. O André Rossi era o proprietário das lojas e contou que no auge, para o lançamento de um CD da dupla Zezé di Camargo e Luciano, chegava a pedir três mil unidades. O então empresário abriu a primeira loja no dia 7 de julho de 1996 e fechou as portas em 2007.
“Eu trabalhava em uma loja de vinil, mas decidi abrir uma loja só de CDs. Foi durante a época boa do CD. Era o que eu mais gostava na vida. Sempre trabalhei com música, tinha títulos que iam de Amado Batista à Zizi Possi. Era um volume muito grande, mas veio a tecnologia, a internet e acabou com tudo. Não conseguia mais vender nem 50 CDs de lançamento do Zezé di Camargo e Luciano”, conta Rossi.
O empresário explica que a pirataria atrapalhou um pouco, mas ainda conseguia concorrer com os vendedores ambulantes, por causa da qualidade dos produtos. Ninguém comprava um CD pirata para presentear outra pessoa.
O problema foi quando os consumidores começaram a ter acesso às músicas e passaram a gravar em casa. O empresário decidiu fechar as portas quando o filho chegou com um pen drive com 500 músicas.
“No dia que meu filho chegou à loja com um pen drive cheio de músicas, eu percebi que não tinha mais como continuar com o negócio. Fechei do dia para a noite. Eu vendia muito Vale CD de presente. Eu ainda fui proprietário de uma locadora de DVDs dentro de um supermercado, mas que também não sobreviveu ao avanço da tecnologia. Hoje todo mundo consegue ver filmes em casa, até mesmo no próprio aparelho celular”, lembra André Rossi.
Além de vender os CDs, Rossi costumava receber os artistas que faziam apresentação em Marília ou que estavam de passagem pela cidade. Na época, eles faziam questão de passar pela Magic Music. Quando precisou mudar de ramo, o então empresário da música ficou triste, mas não teve alternativa.
“Mudei para um ramo que ainda não conhecia muito bem. A tristeza batia e me atrapalhava a mente. Hoje atuo na área de painéis e graças a Deus estou muito bem. Atualmente percebo uma facilidade para comprar qualquer produto pela internet. O diferencial é a mão de obra especializada, que garante a continuidade dos negócios de um empresário, mas a tecnologia acabou com muito negócio de forma rápida. Dependendo do ramo, você tá fora do ar, não adianta insistir”, lamenta Rossi.
O fácil acesso à internet também reduziu drasticamente o número de lan houses. Febre no início dos anos 2000, quando poucas pessoas tinham computador, mas muitos queriam estar conectados. A maioria não resistiu ao tempo. Quem permaneceu precisou se reinventar, oferecendo outros produtos e serviços.
“Em 2006 abrimos a primeira loja, por diversas vezes fazíamos corujão e virávamos a noite com clientes logados. Por conta da procura ser grande, formando filas e esperas para usar os computadores pensando em melhor atender, abrimos a segunda unidade em 2008″, conta a empresária Natália Roldon, da Xtreme Lan House.
Apesar do empenho, as tecnologias avançaram e celulares com internet e jogos baixaram o número de clientes. por outro lado, os aparelhos mais tecnológicos exigiam acessórios. ” Hoje, trabalhamos com prestação de serviços. Oferecemos segunda via de boletos, cadastros em sites, documentos de veículos e todos os serviços on-line. Por mais facilitados que sejam os serviços e de fácil acesso, a maioria da população não sabe fazer ou se sente insegura. Por já termos muito tempo de atuação no mercado, os clientes têm confiança no trabalho.
Muita gente frequentava as lan houses para jogar. A nova geração já tem computador em casa, mas na maioria dos casos prefere jogar on-line pelo celular. De acordo com a Pesquisa Game Brasil 2021, o celular é o meio preferidp. Os aparelhos aparecem com 41,6% da preferência nacional, superando os consoles, que somaram 25,8% do total e o PC, com apenas 18,3%.