Com avanço das aulas remotas, repúblicas ‘encolhem’ em Marília
A persistência do ensino remoto, com aulas via internet, tem feito muitos estudantes matriculados em cursos de graduação originalmente presenciais abandonarem Marília – ainda que provisoriamente, em alguns casos.
Tal movimento, junto com a queda na renda da população, tem culminado no “encolhimento” de muitas repúblicas, as tradicionais casas ou apartamentos divididos por estudantes. Algumas chegaram até mesmo a fechar, após anos de tradição.
Parte dos cursos superiores marilienses já retomou as atividades presenciais, principalmente as graduações da área da saúde. No entanto, ainda são muitos os alunos que seguem sem previsão de retorno às aulas físicas.
Arthur San Martin Fernandes de Araújo tem 27 anos e voltou para Marília recentemente, depois de ter ficado 15 meses na casa da família em Piracicaba (distante 297 quilômetros). O plano inicial, que acabou frustrado, era ficar por lá cerca de 120 dias, no máximo.
“Já era para ter me formado, mas as aulas ficaram suspensas por um longo tempo. Agora precisei voltar para Marília porque tenho que terminar meu estágio, que pode voltar a ser presencial em breve”, conta.
A ideia de deixar Marília tem a ver com a economia que a casa dos pais proporciona. Arthur passou a gastar menos com alimentação, por exemplo, e também se sentia mais seguro. “Na república, cada um encara a quarentena de um jeito, é difícil controlar”, comenta.
A volta ao município não deve se prolongar muito. O estudante, que pretende terminar logo a graduação, também precisa organizar a vida pessoal e se preparar para encerrar contratos – como o de aluguel – bem como levar seus bens embora de vez.
Outro estudante de graduação é Lucas Pessoa, de 24 anos, que agora está na casa da família em Jacareí (distante 512 quilômetros de Marília). “Aqui onde estou, na casa dos meus pais, consigo economizar”.
Durante a pandemia, ao longo de 2020, ele chegou a persistir durante sete meses em Marília, mesmo sem aulas, sejam elas presenciais ou remotas.
“Eu só voltei de fato para minha cidade natal agora em março”, conta Lucas, que tem sido submetido ao ensino on-line atualmente. “Em 2020, tínhamos alguma expectativa de que poderia voltar a aula presencial a qualquer momento”.
Ele continua pagando a parte das contas na república que hoje conta com 16 membros em Marília, mas por pouco tempo, já que também se forma em breve. “É bem complicado se formar dessa maneira, sem despedida e praticamente nada planejado”, lamenta.
Desde o começo da pandemia, a moradia já perdeu quatro membros, e sua saída pode deixar o orçamento dos amigos ainda mais apertado. “Decidi manter o pagamento da república por uma possível volta e pela saída de outros membros”, conclui Lucas.