Com 27 anos dedicados à Irmandade, Norival destaca os 95 anos de atuação da Santa Casa
Reeleito provedor da Santa Casa de Misericórdia de Marília até 2028, Norival Carneiro Rodrigues, 75, já fez parte de 27 dos 95 anos de história da instituição. O aniversário foi comemorado no último dia 22 de abril. “Minha motivação em trabalhar como voluntário é o coração”, declarou ao comentar a data festiva.
Casado com Silvana Maria Francisco Neves do Amaral, Norival, pecuarista de carreira, tem quatro filhos: Carla, Mariana, Paola e Fernando. Sempre dedicado à causa filantrópica, “Sr. Nori”, assim conhecido, assumiu a provedoria do hospital em 2021, após falecimento de seu amigo por quem tinha grande admiração: Milton Tédde, antigo provedor.
Foram anos e anos como voluntário e, após vários avanços na estrutura e atendimento da instituição, hoje o desafio é a implantação do serviço de Radioterapia, já em fase de instalação. Outra novidade é a construção do espaço de convivência para os mais de 1,3 mil colaboradores do hospital – fruto de emenda parlamentar do deputado estadual Vinicius Camarinha (PSDB).
Destaque na entrevista da semana do Marília Notícia, Norival Carneiro Rodrigues se emociona ao falar sobre a história da Santa Casa e lembrar da sua maior incentivadora nessa caminhada em prol das pessoas que passam por dor e sofrimento. “Minha mãe, Lourdes Carneiro Rodrigues, foi minha maior fonte de inspiração e minha motivação está no coração”, disse durante solenidade de aniversário do hospital.
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MN – Como foi o envolvimento do Nori com a Santa da Casa de Marília? Nos conte esta história.
NORI – Estou na Irmandade há 27 anos, iniciei como voluntário, fiquei 10 anos no cargo de tesoureiro geral, atuei como vice-provedor do Milton Tédde e depois passei para provedor em 2021, hoje no segundo mandato. Fui reeleito recentemente para o comando do maior hospital da região, que pertence à população.
MN – Nesse período de 27 anos, você acompanhou muitas evoluções e obras. Gostaria de destacar algum marco histórico?
NORI – A Santa Casa de Marília cresceu em todos sentidos e nas especialidades. Destaco as áreas de Oncologia e Ortopedia, além da instalação da Câmara Hiperbárica, que é referência no interior de São Paulo. E estamos avançando em outros setores também. Vamos inaugurar daqui três meses a Radioterapia, conquistado através do Governo Federal por mérito do nosso trabalho na Oncologia, que tem credibilidade em procedimentos cirúrgicos e no tratamento em geral. Hoje, o hospital trabalha só com atendimentos de média e alta complexidades.
MN – Quantas cirurgias são realizadas por dia?
NORI – Nossa média é de 35 a 45 cirurgias por dia e todas de média e alta complexidades. São procedimentos no coração, como cateterismo e angioplastia, entre outros. Trabalhamos ainda o suporte ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), por 24 horas, todos os dias. Há 41 anos, a Santa Casa faz transplante de rim e, ano passado, fomos credenciados para transplantação de fígado. Já realizamos até agora seis transplantes de fígado.
MN – O hospital tem recebido a doação de órgãos?
NORI – Sim, mas só não realizamos mais transplantes de fígado, por exemplo, porque o brasileiro ainda não tem o hábito e a cultura de doação de órgãos. Se chegar mais doações, podemos ampliar o número de procedimentos de transplantes.
MN – A missão da Santa Casa é atender 62 municípios da região?
NORI – O Departamento Regional de Saúde (DRS IX) de Marília é um dos maiores, em termos de cobertura populacional, do Estado de São Paulo. Atendemos um universo de mais de 1 milhão de pessoas. O hospital não tem dono, quem manda é a população, e foi deixado pelo fundador de Marília, Bento de Abreu Sampaio Vidal, e nosso compromisso é manter esta importante instituição.
MN – Quantos funcionários atuam hoje no hospital?
NORI – Temos 1.290 funcionários e são 280 médicos na ativa. Os médicos não são funcionários e sim autônomos. Vale lembrar que a provedoria e a diretoria da Santa Casa não possuem salários, somos voluntários, assim como acontece em todas as Santas Casas da região.
MN – O que mais te motiva a continuar na área de filantropia?
NORI – O que mais me motiva é meu coração [emocionado] e minha criação. Minha mãe foi uma mulher que trabalhou muito com o acolhimento e amparo de pessoas em estado de vulnerabilidade social. Isto tudo me inspirou. Sempre que vejo uma conquista no hospital, fico bastante feliz, pois só se conquista com esforço, dedicação e amor ao próximo.
MN – É difícil trabalhar num hospital diariamente?
NORI – Fico na Santa Casa em torno de cinco horas por dia, mas nós da provedoria temos esse amor pelo hospital, porque aqui recebemos mais notícias boas do que ruins. Muitas pessoas saem curadas de suas enfermidades. Claro que o hospital é um ambiente onde tem morte de pacientes, mas o índice de êxitos é maior.
MN – Não é de hoje que todas as Santas Casas passam por problemas financeiros e dependem de apoio do Governo do Estado, União e deputados. Como está a situação atualmente? Você comemorou a conquista da Tabela SUS Estadual?
NORI – Atualmente, 70% da capacidade de atendimento do hospital é comprometida com pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Só de procedimentos via SUS de Hemodiálise, temos 300 pacientes. A tabela SUS está defasada há 20 anos e o ano passado tivemos o anúncio da tabela paulista pelo governador Tarcísio (de Freitas – Republicanos). Estamos implantando a nova tabela estadual neste mês. Porém, em termos de faturamento, não vai mudar muita coisa, porque o Governo do Estado vai incrementar os recursos do SUS e, por outro lado, cortará alguns repasses mensais. Diria que a Santa Casa de Marília é uma ‘loja’ vendendo bastante, mas tendo prejuízos ainda. Toda ajuda é bem-vinda.
MN – O hospital passa por mais reformas neste mês?
NORI – Sim. Graças também a população e ao empresariado de Marília, estamos realizando a reforma da Ala D do hospital, que terá banheiro, televisão e ar-condicionado em todos os quartos. É um trabalho de humanização para os pacientes. São recursos oriundos do leilão de gados que promovemos, assim como a campanha do McDia Feliz e as doações que recebemos.
MN – São quantos leitos?
NORI – Temos 190 leitos e 46 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
MN – Quer acrescentar mais alguma informação?
NORI – Só quero agradecer a todos que têm ajudado, toda diretora, funcionários e corpo médico, além da classe política, nossos deputados, empresários e população de modo geral que ajuda nas campanhas sociais. Parabéns Santa Casa de Marília pelos 95 anos de história!