Classificação de Doria esquenta o debate sobre a isenção política
O governo de Estado de São Paulo usou o aumento no número de óbitos como justificativa para o retrocesso da região de Marília à “fase 2 – laranja” no Plano SP. Porém, em regiões onde a mortalidade segue em nível superior, não houve regressão.
O tratamento com a região de Marília tem gerado críticas de diversos prefeitos. Bauru, por exemplo, segue com elevação diária no número de mortes, mas foi mantida na “fase 3 – amarela” do programa de reabertura.
Na apresentação dessa sexta-feira (21), não houve sequer detalhamento dos dados regionais e rápida menção sobre o motivo do retrocesso. O vice-governador Rodrigo Garcia (DEM) e os secretários de Estado que participaram da coletiva focaram mais nas “boas notícias” da evolução na maioria das regiões.
A região de Marília foi mencionada apenas pela secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado, Patrícia Ellen, mas de forma superficial.
“Tivemos também que endurecer as medidas restritivas em duas regiões que apresentam alta em seus indicadores. A Diretoria Regional de Saúde de Marília e de São João da Boa Vista”, anunciou, sem detalhar.
E completou com “recado” aos prefeitos. “Nós temos que lembrar sempre, enfatizar um ponto que o governador João Doria sempre tem dito, que o Plano SP é um plano de gestão e conivência com a pandemia, exatamente por isso nós temos estes gatilhos para endurecimento de medidas restritivas quando for necessário”, invocou Ellen.
Região prejudicada
A nova classificação da região de Marília novamente esquenta o debate sobre a isenção política na avaliação do Estado.
O governador João Doria – mesmo partido do prefeito Daniel – travou através da Procuradoria Geral do Estado uma batalha para fazer impor o decreto estadual que estabelece a quarentena. Em Marília (de forma parcial) e em Tupã a política estadual sofreu derrotas na Justiça.
Amarelo no mapa
Enquanto a região de Marília retrocede no Plano SP, por apontamento desfavorável no número de óbitos, a realidade da pandemia mostra que outras regiões estão sendo mais castigadas pelo vírus.
O contraste começa pelos municípios que são sedes regionais. Em Marília, no dia 6 de agosto – véspera da última atualização do Plano SP – o boletim epidemiológico da Prefeitura indicava 22 óbitos. Duas semanas depois (ontem), a cidade tinha 25 mortes.
Já em Bauru, no dia 6 de agosto a cidade tinha 91 mortes. Ontem a cidade atingiu 121 vítimas fatais. A evolução nos óbitos na cidade de Marília foi de 13%. Já em Bauru, foi de 32%, no mesmo período.
É importante lembrar que o cálculo do Estado leva em conta todos os municípios de cada Direção Regional de Saúde (DRS). Basta o indicador piorar por sete dias para involução. Já para avançar, é necessário estabilidade em 15 dias.