Ciclismo limita nível de testosterona em transgêneros
A União Ciclística Internacional (UCI) anunciou nesta terça-feira novos regulamentos sobre a elegibilidade de atletas transgêneros para competir nos eventos do seu calendário. A partir de agora, terão de possuir até 5 nanomoles de testosterona por litro de sangue para competir na categoria feminina.
A regra foi aprovado em reunião do Comitê de Gestão da UCI e vai entrar em vigor em 1º de março de 2020. A medida é restritiva, pois o limite anterior era de 10 nmol/L. De acordo com a UCI, os novos regulamentos “são projetados para incentivar os atletas trans a competir na categoria correspondente ao seu novo sexo, garantindo condições equitativas para todos os atletas nas competições em questão.”
A decisão da UCI segue o que foi apresentado em uma reunião de trabalho que ocorreu em outubro de 2019 com participação da própria entidade, de outras federações internacionais, especialistas e representantes de atletas transexuais e cisgêneros. Nela, se chegou a um consenso de que se uma federação decidir usar testosterona como indicador, o atleta transexual só será elegível para competir entre as mulheres se o nível de testosterona estiver abaixo de 5 nmol/L.
A partir de agora, todos os atletas transgêneros que desejam competir na categoria correspondente ao seu novo sexo devem fazer uma solicitação médica para a UCI, pelo menos seis semanas antes da data da primeira competição. Os dados do atleta serão analisados por uma comissão de três especialistas internacionais, que avaliarão a elegibilidade dele para competir na nova categoria e informarão o médico da UCI sobre suas conclusões. Além disso, o atleta deve provar que seu nível de testosterona está abaixo de 5 nmol/L por pelo menos 12 meses antes da data de elegibilidade. Além disso, esse nível terá de continuar sendo mantido.
“Graças a esse consenso, alcançado por um grupo de trabalho que representa as diversas partes interessadas de nosso esporte, nossa federação tem os meios necessários para levar em consideração – e refletindo os desenvolvimentos da nossa sociedade – o desejo dos atletas trans de competir, garantindo um nível de competição para todos os concorrentes. Este é um passo importante na inclusão de atletas transgêneros no esporte de elite”, afirmou o presidente da UCI, David Lappartient.
Em outubro de 2019, a transgênero canadense Rachel McKinnon, de 37 anos, conquistou o segundo título do Mundial Master de Ciclismo de Pista e também bateu o recorde da prova do contrarrelógio de 200 metros na categoria entre 35 a 39 anos.