Casos de sífilis crescem 110% em Marília e disparam ainda mais entre as grávidas
O número de casos diagnosticados de sífilis em Marília teve aumento de mais de 110% entre janeiro e meados de agosto de 2021, sobre igual período do ano passado. Os dados fazem parte de um relatório publicado pela Secretaria Municipal da Saúde.
Levantamento aponta que, até a 32º semana epidemiológica de 2020 – naquele ano, encerrada dia 6 de agosto –, a cidade havia registrado 38 casos de sífilis adquirida. Outros sete foram constatados em mulheres que estavam grávidas.
A incidência da infecção durante a gestação tem tratamento diferenciado, já que visa prevenir a doença no bebê. A má-formação congênita está entre as complicações decorrentes da sífilis, por isso a atenção especial às mulheres no período gestacional é considerada estratégica.
O crescimento neste ano foi grande em ambos os indicadores. Ao término da mesma semana epidemiológica (32ª) – que em 2021 acabou dia 19 de agosto –, a Vigilância Epidemiológica apurou na cidade 73 casos de sífilis adquirida e 23 em mulheres grávidas.
O aumento foi de 92% na população em geral e 228% entre as mulheres com que vão dar a luz. Na média, o total de casos amentou em 111%.
TESTE RÁPIDO
Os diagnósticos são feitos em unidades de saúde da rede de atenção primária (postos) ou ainda no Serviço de Atendimento Especializado (SAE), onde funciona o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA).
É importante lembrar que a sífilis é considerada uma Infeção Sexualmente Transmissível (IST). Assim como a Aids e as hepatites virais, é transmitida pelo contato sexual e pode ser prevenida com o uso de preservativo.
A doença tem cura, mas precisa ser diagnosticada. Infelizmente, o exame e a busca por diagnóstico podem envolver tabus, constrangimento entre parceiros e preconceitos. Muita gente desconhece que a constatação pode ser feita na modalidade teste rápido, com sigilo e total segurança.
TRATAMENTO
Os números elevados registrados no município não podem ser, necessariamente, interpretados como descontrole da doença. A alta de positivos pode indicar que o rastreio está sendo feito. É bem pior quando prevalece o desconhecimento e os casos ficam subnotificados.
Profissional de saúde com experiência no atendimento aos casais – que prefere não se identificar – relata ao Marília Notícia a dificuldade em função de preconceito e machismo. “Infelizmente, tem casos de reinfecção em gestantes, porque é muito difícil fazer alguns homens aderirem ao tratamento”, conta.
A resistência pode ser resultado da negação da realidade ou ainda desprezo ao perigo. “Mesmo orientado de que seu filho pode nascer com alguma deformidade, já tivemos situações em que o casal não conseguiu fazer, junto, o tratamento. É muito triste que isso ainda ocorra”, lamenta.
Em Marília, é possível fazer o teste na maioria das unidades de saúde. Para saber os locais com profissionais habilitados, basta entrar em contato pelo (14) 3402-6500.
O CTA fica na rua Sete de Setembro, 793, no bairro Salgado Filho. O telefone é o (14)3451 2939.