Carreata leva cerca de 50 veículos para protesto contra isolamento
A carreata convocada por redes sociais, para protestar contra o isolamento social imposto à população – com exceção apenas para serviços essenciais – levou cerca de 50 veículos ao centro de Marília na tarde desta terça-feira (14). Diferente do dia 27 de março, porém, quando a manifestação chegou a ser denunciada à Polícia Civil, desta vez não houve aglomeração.
Os manifestantes se articularam usando grupos do Facebook e WhatsApp. Um caminhão liderou, seguido de motocicletas e automóveis. A Polícia Militar acompanhou os participantes da marcha, mas não fez nenhuma interdição de via pública para o protesto.
O construtor Édio Francisco da Rocha, que se identificou como um dos organizadores do ato, afirmou ter decidido fazer parte do movimento por não conseguir trabalhar. Ele afirma que foi feito um comunicado à Polícia Militar, com horário e itinerário pretendido.
O grupo se concentrou na avenida das Esmeraldas – acesso ao distrito de Lácio – e seguiu até o centro. Próximo da Prefeitura, fez algumas voltas em torno do prédio com o “buzinaço”, em protesto contra as autoridades. Em seguida, dispersou.
“Foi bem organizada. Eu esperava que a polícia fizesse a dianteira, trancando as transversais, mas não aconteceu isso. Ficaram (policiais) atrás da fila”, conta o construtor.
Édio afirma que houver certa dispersão em frente à Prefeitura, devido aos semáforos, mas mesmo assim acredita que “foi dado o recado”.
“Foi cumprida a lei e a ordem. Ninguém desceu do carro, para não ter aglomeração. Não vamos fazer desordem, só o buzinaço, porque já dá para entender. Acho que frustrou algumas pessoas que acharam que íamos descer, ficar na praça, mas não fizemos isso”, disse o manifestante.
Motivação
O construtor afirma que as restrições estão impactando em tudo na sua vida. “A gente não pega serviço. Ninguém quer começar agora, reforma de casa, não quer”, conta. Ele afirma que sua equipe de obras tem oito pessoas e, embora a construção civil não esteja impedida pelo decreto estadual, todas estão sem trabalhar.
Édio diz ainda não acreditar em uma explosão de casos de Covid-19, com a reabertura do comércio. “Aqui na regão não vai acontecer isso. Não queremos que abra como se não tivesse nada acontecendo nada, mas om as limitações, com a higienização, sem aglomerar”, defende.
Entre os que reclamam da quarentena, também está o motoboy Paulo Ferreira Evangelista, de 49 anos. Ele afirma que teve prejuízos com o fechamento do comércio. Autônomo, sua renda média caiu de R$ 1,3 mil para R$ 300. “As entregas caíram 80%. Eu trabalho com produtos e não com comida”, conta.