Câmera do PA flagra momento em que Féfin empurra enfermeira
As filmagens do sistema interno do Pronto Atendimento (PA) da zona Sul de Marília mostram o momento em que o vereador Junior Féfin (PSL) empurra o braço da enfermeira Maria Ângela Rodrigues de Almeida Souza, durante confusão registrada no último dia 1º de abril.
O delegado Mário Furlaneto Neto concluiu na semana passada o termo circunstanciado aberto contra o parlamentar, após a polêmica envolvendo suposta fiscalização no PA Sul. Féfin teria comparecido à unidade a fim de verificar o trabalho no local durante o enfrentamento da pandemia.
Termo circunstanciado é uma espécie de inquérito policial, mas que diz respeito a infrações penais de menor potencial ofensivo – ou seja, cujas penas não passem de dois anos de prisão. As imagens citadas acima fazem parte dos documentos juntados aos autos.
Maria Ângela Rodrigues de Almeida Souza é chefe do PA Sul e registrou um boletim de ocorrência contra Féfin, com a acusação específica de calúnia, o que deu início à investigação chefiada por Furlaneto.
Com o término da oitiva de testemunhas e coleta de provas – como análise de áudio e vídeo – pela Polícia Civil, o material agora deve ser analisado pelo Ministério Público. Os documentos foram enviados à 2ª Vara Criminal no dia 2 de junho.
Chama a atenção, nos autos, o fato de Féfin não ter entregado seu aparelho celular para perícia até o término do inquérito, o contrário do que disse que faria quando prestou depoimento ao delegado, no dia 5 de maio.
Entre os documentos, consta a ficha criminal do vereador, que é agente da Polícia Federal. Contra Féfin, constam diversas queixas criminais – inclusive envolvendo a Lei Maria da Penha. Todas seguiram o mesmo roteiro: arquivamento.
ENTENDA
Féfin esteve no PA Sul no dia 1º de abril, acompanhado de ao menos um assessor, com a alegação de fiscalizar denúncias recebidas em seu gabinete.
A intervenção do vereador acabou virando um grande bate-boca com acusação de agressões verbais e empurrão do membro do PSL ante a enfermeira, durante uma tentativa dela de impedir que fosse filmada.
Em depoimento, o acusado negou que tivesse utilizado de força física, mas confirmou que intercedeu e impediu que Maria Ângela pegasse o celular da mão do seu assessor. O parlamentar confirma ainda que perguntou se a chefe da unidade estaria “louca”.
Além de Féfin e Maria Ângela, diversas testemunhas foram ouvidas durante a apuração da Polícia Civil. Gravações, feitas nos celulares de alguns dos envolvidos e do sistema de câmeras do PA Sul, foram analisadas.
Na época dos fatos, Maria Ângela disse em entrevista ao Marília Notícia que o vereador teria se apresentado como agente da Polícia Federal e teria feito acusações gravíssimas.
Féfin também teria gritado com diversos funcionários públicos, principalmente do sexo feminino, segundo relatos obtidos pela reportagem no dia.
“Ele [vereador] disse que nós estávamos matando as pessoas aqui dentro, dando medicamentos vencidos, que estávamos com falta de insumos”, afirmou a chefe dos serviços de saúde ao MN.
Em seu depoimento à Polícia Civil, Féfin negou que tivesse acusado a equipe de estar matando pessoas e distribuindo remédios vencidos.
OUTRO LADO
Após ser questionado pela reportagem sobre fatos citados acima, Féfin enviou a seguinte nota, leia na íntegra:
Com relação a entrega do celular para perícia, sempre ficou e está à disposição, até pq não há nenhum tipo de edição ou manipulação. Inclusive, eu anexei as imagens totais através de mídia gravada e entregue à Polícia Civil. E nesse momento, não me foi solicitado a entrega do aparelho celular em si. Em razão dessa perícia ser feita somente em Bauru, o celular ficaria por vários dias, talvez semanas por lá; e como todos nós nos utilizamos muito do aparelho pro trabalho, pro dia a dia, eu esperei a entrega, apenas se necessário. Com isso, eu entendi que, caso fosse necessário, formalmente, a autoridade policial me avisaria pra entregar, o que não ocorreu. Mas sem problema, de qualquer forma será comunicado ao Ministério Público a disposição do aparelho pra qualquer tipo de perícia. Já com relação a imagem, só confirma exatamente o que eu disse e já havia demonstrado desde o início, ou seja, que a “agressão” partiu dela, em tentar pegar o celular à força das mãos do meu chefe de gabinete, e eu apenas defendo, no direito da legítima defesa da posse, como qualquer pessoa normal faria, quando se tem alguém “atacando” um bem material seu.