Câmara Municipal homenageia mariliense Doutor José Vicente
Em sessão solene que será realizada nesta sexta-feira, dia 5 de setembro, às 20 horas na Câmara Municipal de Marília, o mariliense Doutor José Vicente recebe através do Decreto Legislativo n. 314/10, de autoria do vereador Wilson Damasceno, o Título de Cidadão Benemérito.
Para homenageá-lo, a Secretaria Municipal da Cultura irá apoiar a solenidade com duas atrações artísticas: a cantora Eliana Jardim e a Cia. de Dança Cesar Pistori – coordenada por Denise Guarezzi e Beto Rodrigues.
Nascido em 11 de novembro de 1959 e criado no “Morro do Querosene”, bairro pobre de nossa cidade, José Vicente é filho de Izabel Lopes e Santo Vicente, bóias-frias já falecidos. Caçula dos seis filhos, Celso, Maria, Helena, Marinês, Roberto e então, José Vicente era mais conhecido pelos antigos amigos como Cafú.
“Éramos seis irmãos e nossa mesa só tinha três cadeiras. Casa de madeira. E o chuveiro era um balde furado”, diz José Vicente. “Meu pai morreu quando eu tinha 1 ano. Nem foto tinha, não sei como era o rosto dele”, afirma. Com 7 anos, começou a ajudar também. Trabalhou como engraxate, vendedor ambulante, pintor de paredes. Pintou várias casas do Conjunto Habitacional Nova Marília, trabalhou na Associação de Ensino de Marília, ou seja, fez de tudo um pouco.
Devido à origem humilde, viveu na prática os problemas da pobreza e do racismo no Brasil. Estudou na Escola Estadual Gabriel Monteiro da Silva, posteriormente transferiu-se para a Escola Estadual Thomaz Antônio Gonzaga, onde cursou até o 2.º ano do Ensino Médio. Foi dedicado músico da Banda Marcial da Associação de Marília, onde tocava bumbo e tem muitas boas lembranças de viagens e de amizades que duram até os dias de hoje.
Cita em especial a família Campos, desde o Dr. Nadir, um mestre que também lhe serviu de exemplo, Dona Glória que o tratava como um filho e os amigos Denise, Leonilda, Nadir Júnior, Marcelo e Rogério, tendo convivido com eles por mais de seis anos juntos na Banda e com os quais faz questão de passar, até hoje, várias festas natalinas.
José Vicente tinha tudo para ser mais um jovem negro de periferia, mas a dedicação aos estudos fez dele soldado, advogado, sociólogo e para orgulho da família, passou no Concurso de Delegado de Polícia, tendo atuado no Capão Redondo, uma das regiões mais pobres da capital paulista.
Formou-se em Direito na Faculdade de Direito de Guarulhos. Na década de 90, quando Vicente ganhava a vida como advogado criminalista, ele liderou um grupo de pessoas que conseguia bolsas de estudos para negros em universidades particulares. Em 1997, a coisa ficou mais séria e foi fundada a Afrobras, uma ONG que existe até hoje e administra a faculdade. Na época, o sistema de bolsas coordenado pelo grupo envolvia dez universidades, beneficiando 1,2 mil jovens negros.
José Vicente já conquistou importantes títulos: Mestre em administração; Doutor em educação pela Universidade Metodista de Piracicaba; fundador e presidente do Instituto Afrobrasileiro de Ensino Superior; fundador presidente da Afrobras-Sociedade Afrobrasileira de Desenvolvimento Sócio Cultural; membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República-CDES; membro do Conselho de Auto-Regulação Bancária da Federação Brasileira de Bancos (Febraban); membro do Conselho Superior de Responsabilidade Social da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP); membro do Conselho Consultivo do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE); membro titular do Movimento Nossa São Paulo; conselheiro diretor da Fundação Care/SP; membro titular do movimento Todos pela Educação; e membro do Conselho do Memorial da América Latina.