Café de Garça e região ganha ‘selo’ e busca nicho
A região de Garça e mais 14 municípios, incluindo Marília, recebeu o título oficial de região produtora de café da Secretaria de Estado da Agricultura. A expectativa é que a Identificação Geográfica (IG), necessária para certificações, acelere o processo que pretende agregar valor à produção.
A meta é alavancar negócios e introduzir os produtores no concorrido nicho de cafés especiais. A conquista do reconhecimento é resultado de um trabalho de mais de três anos dos Conselhos dos Cafeicultores de Garça (ConGar).
Para definir a IG, a Secretaria da Agricultura levou em consideração o levantamento histórico e a delimitação da área produtora. A entidade que pleiteou o título contou com apoio do prefeito da cidade sede, João Carlos dos Santos (DEM).
Vitória regional
Resolução foi publicada no Diário Oficial do Estado no dia 16 deste mês e traz o mapa da região produtora extensiva à Gália, Vera Cruz, Marília, Alvinlândia, Álvaro de Carvalho, Duartina, Cafelândia, Pirajuí, Júlio Mesquita, Guarantã, Ocauçu, Lupércio, Lucianópolis e Fernão.
O consultor Gustavo Guerreiro, que integra o ConGar, explica que após a Identificação Geográfica, a busca será pela certificação do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Somente quem adotar as melhores práticas poderá utilizar o selo como diferencial.
“No último concurso (cafés especiais) tivemos 36 produtores inscritos. A região tem aproximadamente 800 produtores de café e precisamos aumentar essa participação, trazer o maior número possível de cafeicultores para esse grande projeto de qualificação do nosso café”, explica.
Na classificação de ‘bebida dura’ – que não contempla todos os aspectos sensoriais para alto valor agregado – o café vai parar nos pontos de venda como um produto comum. Custa menos, porém a experiência de degustar a bebida pode deixar a desejar.
Quando o café recebe os tratos culturais adequados, com as melhores práticas no campo, pré e pós-colheita, seleção e processamento, o café chega ao consumidor com outra qualidade, não só de aspectos sensoriais mas da segurança alimentar. Os cafés especiais têm aroma e sabor diferenciados. A experiência de consumir muda e o valor para o produtor também .
“A nossa meta é apresentar aos consumidores um café diferenciado e participar deste nicho de mercado, que é muito exigente e, por consequência, remunera muito melhor”, explica Gustavo.
Ele ressalta que o produtor precisa mudar conceitos e aceitar preceitos para uso do selo de Identificação Geográfica em seus lotes.
“Primeiro se tornando sócio do ConGar e aderindo as técnicas e exigências para uso do selo IG. Para se ter uma ideia, uma saca de um café com classificação especial chega a valer mais de R$ 2 mil, ou seja, o triplo do preço pago ao produtor pelo café comum”, ressalta Guerreiro.
A Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA, na sigla em inglês) adota uma escala até 100 pontos para classificação de cafés. Em concurso realizado pelo Conselho, um dos participantes, campeão na categoria café natural, obteve 87 pontos. Acima de 80 já é considerado especial.
Volume
O objetivo é a qualidade. Porém, a região de Garça, conforme o consultor, precisa e pode crescer em volume de cafés reconhecidos como especiais. “Não serão todos os lotes que alcançarão preços tão elevados, mas temos muitos cafés especiais que saem como commodities”, explica Guerreiro.
Atualmente Garça e seus vizinhos formam a terceira região do Estado de São Paulo, com 23 mil hectares, juntamente da consolidada região de Franca, com cerca de 70 mil hectares cultivados e da região de Fartura/Piraju, que tem cerca de 40 mil hectares cultivados.