Brasil lança medidas para reduzir número de cesarianas
O Brasil está entre os campeões de cesarianas no mundo. O título deve ser ostentado sem orgulho, mas com preocupação: enquanto a recomendação da Organização Mundial de Saúde é de que um país realize até 15% de cesarianas, no Brasil esse número gira em torno de 52%. Quando damos zoom nas estatísticas da rede privada de saúde, ele chega a 88% dos nascimentos – os dados são da pesquisa Nascer no Brasil.
Para encontrar uma solução para o problema, foi preciso pensar também em suas causas. Uma das principais razões para que muitos médicos optassem pela cesariana ao invés do parto normal estava justamente na remuneração.
Os dois procedimentos eram remunerados igualmente, mas, enquanto uma cesárea dura de duas a três horas, um parto normal pode exigir o acompanhamento do profissional por mais de oito horas. A questão entrou na mira da Justiça Federal, que determinou que os médicos deverão receber dos planos de saúde no mínimo três vezes mais pela realização de partos normais.
A mesma determinação prevê que as operadoras de saúde de planos privados e hospitais credenciem a atuação de enfermeiros obstétricos e obstetrizes para acompanhar o trabalho de parto, o que facilita o trabalho do médico, que poderá ficar mais focado nos casos mais complicados.
Por último, a justiça também obriga a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a criar indicadores e notas para operadoras de planos de saúde com base em suas ações para reduzir o número de cesarianas. As decisões deverão ser colocadas em prática em um prazo máximo de 60 dias e a ANS fica sujeita à multa diária de R$ 10.000 em caso de descumprimento.
Fonte: Hypeness