Bolsonaro coloca terceiro general no Palácio do Planalto
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o general disse não ver problema em assumir esta função, acrescentando que “não irá trombar” com o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que estava designado para a negociação entre governo e Congresso.
A escolha de Santos Cruz foi entendida como uma maneira de ajudar a introduzir no governo “uma nova forma de entendimento com os parlamentares”, conforme afirmou ao Estado um dos integrantes da equipe de Bolsonaro.
O presidente eleito tem dito que seu governo não vai adotar o chamado “toma lá, dá cá” na relação com os parlamentares. Essa ideia estaria casada com o modelo de escolha dos ministros “políticos” de Bolsonaro – o futuro governo, até o momento, tem ignorado os “caciques” dos partidos e buscado indicações nas chamadas “bancadas temáticas” do Congresso.
No entanto, ainda há dúvidas sobre as atribuições do general. A decisão de Bolsonaro causou agitação no entorno de Onyx, que está ameaçado de perder a coordenação de governo – responsabilidade hoje da Casa Civil – para o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão. Uma das justificativas para isso era exatamente liberar Onyx para a articulação com os parlamentares.
Em várias oportunidades, o próprio Onyx já havia dito que a Secretaria de Governo seria incorporada pela Casa Civil. A secretaria atualmente possui status de ministério. Ao anunciar pelo Twitter a escolha de Santos Cruz, Bolsonaro não deixou claro se a pasta da articulação política manterá o padrão de ministério.
Santos Cruz disse que vai conversar com o presidente eleito após uma viagem marcada para Bangladesh. Por enquanto, lembrou que a Secretaria de Governo faz articulação não só com parlamentares, mas também com governadores, prefeitos e representações da sociedade civil.
Homem de total confiança de Bolsonaro, o general Santos Cruz, ao lado de Mourão e do general Augusto Heleno, já designado para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), poderia ajudar a blindar o presidente eleito de possíveis problemas.
Para o líder do MDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP), Santos Cruz tem um perfil conciliador. “Esse pessoal do Exército é muito preparado e faz política 24 horas por dia. A política interna no Exército é, às vezes, mais forte do que a nossa. Não vejo dificuldade (de negociar com um general), não. O perfil desse que foi escolhido é um negociador, parece que é um grande articulador. Eu não tenho contato pessoal com ele, mas achei um bom perfil”, disse.
Cotado para assumir o Ministério das Cidades, o líder do PRB na Câmara, deputado Celso Russomanno (SP), também elogiou o “nome técnico” para o cargo. Na avaliação do parlamentar, é melhor que um partido não seja privilegiado na escolha para este posto, mas, sim, que todos as legendas da base tenham acesso à Secretaria de Governo.
Ana Amélia
Embora Onyx tenha sido o primeiro ministro anunciado por Bolsonaro, interlocutores do presidente eleito avaliam que seria “impossível” ele reunir a coordenação de governo com a articulação com Congresso. O futuro ministro também não tem trânsito no Senado e por isso mesmo quer levar para o Planalto um conjunto de ex-parlamentares influentes para ajudá-lo. Uma das ideias será levar a atual senadora Ana Amélia (PP-RS), que deixa o Congresso em fevereiro. Ela foi candidata a vice-presidente na chapa derrotada de Geraldo Alckmin (PSDB). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.