Bolsa opera em leve queda sob pressão de setor financeiro; dólar sobe
Apesar de ter começado a sessão em viés positivo, a Bolsa brasileira devolveu os ganhos e passou a operar em leve queda na manhã desta quarta-feira (24), pressionada especialmente por ações do setor financeiro.
A Vale, que divulga seus resultados do primeiro trimestre no final do dia, registrava alta e dava fôlego ao Ibovespa, acompanhando os preços do minério de ferro no exterior.
No câmbio, o dólar avança, após ter registrado quedas consecutivas na últimas sessões.
“Acho que ontem a gente viu um cenário de realização de lucros, que a gente já vem vendo há alguns dias, e agora é realmente aguardar os próximos dados e ver o que mostram de indícios sobre essa questão de haver dois cortes, ou não, dos juros nos EUA”, disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
Na segunda (23), o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,1285 na venda, em baixa de 0,80%. Em três dias úteis, a moeda acumulou queda de 2,33%, revertendo apenas parte dos fortes ganhos registrados mais cedo neste mês, em meio à recalibragem de expectativas sobre cortes de juros pelo Federal Reserve e aos riscos fiscais domésticos.
Operadores, que entre o final de 2023 e o início de 2024 chegaram a apostar em até 1,50 ponto percentual de afrouxamento monetário nos EUA ao longo deste ano, precificam atualmente apenas dois cortes de 0,25 ponto.
Juros mais altos nos EUA são, num geral, benéficos para o dólar, já que tornam os rendimentos dos dos títulos do Tesouro americano, os chamados “treasuries”, mais atraentes, chamando investidores para os mercados americanos.
Agora, a expectativa fica pela divulgação de dados do índice de inflação PCE, o preferido do Federal Reserve (banco central americano), na sexta-feira (26), e, antes disso, os dados do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA referentes ao primeiro trimestre, na quinta.
No Brasil, investidores continuavam de olho nas perspectivas de política monetária, uma vez que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou que a elevação das incertezas poderia levar a uma desaceleração do ritmo de afrouxamento monetário. Isso levou a elevação nas projeções de mercado para o nível da Selic ao final deste ano.
Um ritmo mais lento de afrouxamento monetário no Brasil, em teoria, seria positivo para o real por preservar melhor a rentabilidade do mercado de renda fixa, mas esse aspecto positivo pode ser compensado pelo risco fiscal elevado que ajudou a provocar essa reprecificação sobre os juros em primeiro lugar.