Bares e restaurantes são liberados, mas horário vira problema
Bares e restaurantes podem retomar o atendimento presencial a partir deste sábado (24). No entanto, o setor vive polêmica, pelo temor com relação a possíveis aglomerações noturnas.
A autorização oficial – das 11h às 19h – já estava programada, como medida de descontingenciamento, após a primeira semana da chamada ‘fase de transição’, que substituiu a ‘emergencial’ no Plano São Paulo, decretada pelo governador João Doria (PSDB).
Dono de restaurante na região central de Marília, Álvaro Mendes Campos vê a transição com alívio. “É nítido que um restaurante, principalmente que trabalha servindo almoço, pode funcionar tranquilamente, com protocolo, com distanciamento, e sem risco algum”, analisa.
O empresário defende que os restaurantes são fundamentais, inclusive para as pessoas que estão trabalhando ou resolvendo problemas no Centro. “O movimento é fraco, até pela situação econômica. Não estamos promovendo aglomeração, as pessoas não ficam se abraçando, tendo contado físico. Estamos adotando o distanciamento. É absurdo esse impedimento de atender no local”, dispara.
Marcelo Mantelli, também empresário da região central, relata sentimento misto de alívio e preocupação. “Nosso sentimento é de insegurança pelo risco de um novo fechamento, a responsabilidade com os custos, o pagamento do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Está muito complicado”, lamenta.
Ao longo da pandemia o comércio foi o setor mais impactado, muito além da indústria (classificada como essencial, indistintamente) e do segmento de serviços, que tem menos dificuldade para medidas alternativas aos encontros presenciais.
Como um subsetor do comércio, o ramo das refeições fora de casa – restaurantes com perfil diurno e ambientes noturnos, que agregam diversão – foram os mais castigados.
Há também uma diferença. Fontes diversas ouvidas pelo Marília Notícia, que preferem não se identificar, veem com preocupação que parte dos estabelecimentos com atividade noturna – onde a experiência vendida não se limita à gastronomia, mas agrega diversão – podem atrasar a liberação de restrições.
“Não é uma discriminação com o pessoal que trabalha à noite. Mas é óbvio que as pessoas bebem mais, têm mais contato físico, descuidam e se aglomeram. Não acho que os bares da noite sejam os vilões, porque as pessoas podem chamar os amigos e fazer isso em casa, mas a falta de controle da situação com os clientes coloca a opinião pública contra todos nós”, pontua personagem ao MN.
SINDICATO
Outra fonte contatada pelo MN informou que houve uma reunião, realizada na última terça-feira (20), com empresários do setor. Haveria divisões entre os que preferem seguir o Plano SP à risca e os que enxergam a necessidade de maior liberdade, mesmo que afronte a regra estabelecida, o que já vinha ocorrendo.
O encontro, sob orientação do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Marília (Sinhores), teria estimulado a abertura fora do horário preconizado, das 11h às 19h. O objetivo é atender as necessidades dos estabelecimentos noturnos.
O presidente do sindicato, Sinval Gruppo, foi procurado pelo MN e negou haver orientação para a desobediência. “Nós não podemos orientar o descumprimento, mas existem empresários de bares noturnos que, se não abrirem, não terão o que comer, infelizmente”, considera.
Gruppo reclamou ainda sobre a falta de apoio governamental. “A realidade é que o governador mandou fechar vários setores, sem indicar quem pagaria o aluguel do imóvel, quem pagaria os funcionários, não deu isenção de impostos” desabafa.
Outros setores, segundo o sindicalista, tiveram casos de surtos e mortes entre funcionários, mas “não houve manifestação a respeito”.