Assassino tentou tirar corpo de cova, mas voltou a enterrar por causa do cheiro

O caso do assassinato de Michele Aparecida da Silva de Moraes, de 29 anos, em Marília, ganhou contornos ainda mais sombrios com um detalhe revelado pela investigação: Manoel Messias Cândido, de 54 anos, acusado de matar a companheira e ocultar o corpo no quintal, chegou a reabrir a cova após o crime, mas voltou a enterrá-lo por não suportar o cheiro.
Essa informação, repassada às autoridades, foi considerada decisiva para a elucidação do caso e ajudou a sustentar a prisão preventiva do suspeito, decretada pela Justiça na última sexta-feira (29).
O juiz entendeu que a medida é necessária para garantir a ordem pública e impedir risco de fuga, já que Manoel abandonou o imóvel depois de ocultar o cadáver.

LUTO
A morte de Michele provocou luto e consternação em Júlio Mesquita, cidade onde ela cresceu e onde vivem seus familiares. Mãe de três filhos, ela estava desaparecida desde fevereiro de 2024. Desde então, as crianças — de três, sete e nove anos — ficaram sob os cuidados da mãe dela, Luciana da Silva.
Em janeiro deste ano, Luciana chegou a conceder entrevista a uma emissora regional, relatando a angústia da espera. A última mensagem recebida da filha, enviada ainda em fevereiro, foi curta e enigmática: “Partiu”. “O coração da gente fica mais apertado, né? Às vezes o telefone toca e eu penso: ‘é ela’, mas nunca é. Quase um ano sem notícia, tá ficando difícil”, disse na época.
O padrasto da jovem, Celso Rogério da Silva, contou que a confirmação da morte abalou toda a família. “Sempre tem uma esperança. A gente não acreditava que ela estava morta. As crianças ficaram abaladas. Minha esposa também não dormiu essa noite. Foi um choque para todos nós”, relatou.
A revolta aumentou ao lembrar que, mesmo após ocultar o corpo, Manoel ainda chegou a telefonar para um cunhado de Michele, perguntando se havia notícias dela. “Ele teve a cara de pau de ligar, querendo saber se a gente sabia de alguma coisa. Tudo isso depois do que já tinha feito”, afirmou Celso, indignado.

CORPO
Os restos mortais de Michele foram encontrados na quinta-feira (28) no quintal de uma casa na rua Doutor Merry Nicolas Martinez Ramos, na zona norte de Marília. O endereço havia sido alugado por Manoel no início de 2024, mas ele deixou o local poucos meses depois.
A Polícia Civil chegou ao imóvel após receber relatos de pessoas que disseram ter ouvido do próprio acusado confissões parciais sobre o crime. Além de admitir que havia “feito uma besteira”, ele teria detalhado que tentou retirar o corpo do buraco onde estava, mas desistiu por conta do odor, retornando em seguida a enterrá-lo.
Após a localização do corpo, policiais da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) encontraram Manoel em seu local de trabalho. Em depoimento, ele confessou o homicídio e alegou que a morte ocorreu durante uma discussão, quando Michele teria o ameaçado e pegado uma faca.
Segundo ele, reagiu atingindo a companheira na cabeça com um amortecedor de carro, o que causou a morte. O acusado afirmou ainda que decidiu ocultar o cadáver no quintal e, posteriormente, se mudou da residência.

INVESTIGAÇÃO
As buscas conduzidas pela DIG de Marília, com apoio do Corpo de Bombeiros, resultaram na localização do corpo em avançado estado de decomposição.
O delegado Luís Marcelo Perpétuo Sampaio confirmou a confissão do suspeito e detalhou que a investigação considerou o histórico de violência doméstica dele, já que possui registros por agressões cometidas em 2020 e 2021.
O pedido de liberdade provisória da defesa foi negado, e Manoel foi transferido para uma unidade prisional da região, onde permanecerá à disposição da Justiça.