Aquário do Guarujá permite agora nadar com tubarões
O modelo do capacete, uma mistura entre o escafandro e o peixe diabo negro do mar (aquele com uma “lâmpada” acoplada na testa), foi implementado pelo bombeiro aposentado Luciano Pires, que hoje trabalha como instrutor de mergulho e responsável técnico pela atração no Acqua Rio. É possível encontrar outros semelhantes em países da América do Sul ou até passeios parecidos, mas este e desta forma, ele garante, são únicos.
A “caminhada subaquática” dura de 10 a 15 minutos em uma profundidade inferior a 3 metros de água. Seu grande diferencial é que não precisa saber nadar ou ter curso de mergulhador para fazê-la, uma vez que o capacete feito de fibra de vidro e reforçado com camada isolante garante um sistema interno de lastro, possibilitando a flutuação negativa. O mecanismo mantém o oxigênio mesmo submerso, o que permite também o uso de lentes de contato ou óculos.
TUBARÃO, TE AMO
O Acqua Mundo recria dezenas de ecossistemas do Brasil e do mundo, entre manguezais, rios amazônicos, pinguinários e praias arenosas. O mergulho com caminhada subaquática é feito no tanque que simula o mar aberto com seis placas de vidro blindadas e 800 mil litros de água trocados semanalmente. Nele estão tartarugas verdes, a segunda maior espécie do mundo; dezenas de arraias de todos os tamanhos possíveis; pequenos tubarões-bambu, comuns nos oceanos asiáticos; e famílias de tubarões-lixa, que podem chegar a 3 metros de comprimento pelo litoral brasileiro.
Vilões de obras que vão de A Pequena Sereia ao clássico de 1975 dirigido por Steven Spielberg, tubarões têm sido vítimas de caça desordenada no último século. Segundo estimativa da World Wide Fund for Nature (WWF), 114 das 500 espécies documentadas já estão sob algum nível de ameaça de extinção. Mas, por incrível que pareça, os tubarões são os animais mais calmos do tanque. Quando a reportagem participou da experiência, quase tocou em um filhote de tubarão-lixa que ali descansava.
As arraias, por outro lado, são mais caóticas, velozes, exibidas e destemidas. Na hora da alimentação, minutos antes das “caminhadas”, elas se amontoam em cima do mergulhador. Segundo um dos monitores, a cauda é parte proibida do corpo de uma arraia porque elas podem interpretar esse contato como ameaça, despertando seu senso automático de defesa (mas fique tranquilo: espécies de água salgada não têm veneno nas presas).
Infelizmente, a tartaruga verde e gigante que habita o mesmo aquário estava cansada na hora do mergulho, talvez sob efeito da chuva gelada que entrava no Acqua Mundo por goteiras no teto. Ela ficou restrita ao outro lado do tanque, onde não é possível chegar na caminhada. “Eu costumo dizer para os mergulhadores que quem interage com a gente são os animais. Então, se eles se aproximarem, tudo certo”, afirma Pires.
A pequena Bianca Santos, de 12 anos, só tinha chegado perto de um peixe pelo aquário que tem em casa. “Lá é bem de boa, os peixes são bem calmos. A pressão no ouvido é um pouco alta, mas dá para respirar normalmente”, conta a menina, que participou do mergulho acompanhada do pai, Jonathas Santos, de 36 anos, e estava com medo de ser mordida ou se afogar no início. “Agora, faria de novo.”
DICAS
De acordo com Pires, o público da “caminhada subaquática” é formado 70% por crianças e “tudo o que possa vir a acontecer de inseguro já é mitigado”. Ainda assim, é prudente fazer o passeio com calma e atenção por onde pisa, uma vez que arraias podem se esconder ou descansar no tablado. Apesar de o Acqua Mundo oferecer roupas de neoprene próprias para mergulho, também é aconselhável levar o próprio equipamento, mesmo que alugado, assim como um par de chinelos, um kit de higiene pessoal para o banho pós-mergulho e uma toalha.
SERVIÇO
Caminhada subaquática no acqua mundo
Endereço: Av. Miguel Estefno, 2001 – Jardim Três Marias, Guarujá, SP, CEP 11440-532.
Dias e Horários: a partir das 13h, de segunda-feira a domingo
Valor: R$ 200 por pessoa (incluindo vídeo e fotos).